quinta-feira, 30 de agosto de 2012

o Vô

Lembro-me do teu riso e do teu choro e como nunca sabia qual dos dois eu estaria a presenciar. Sabia que quando ouvisses Amália isso aconteceria inevitavelmente. Ainda não consigo ver ninguém a caminhar com as mãos atrás das costas sem esboçar um sorriso e dizer a quem está ao meu lado "igualzinho ao meu avô". Lembro-me do sotaque de quem passou 50 anos no Brasil e os restantes entre cá e lá e do orgulho "sou português". Dizem-me que eras severo, mas essa faceta desconheci-te. Calado, às vezes demais, sempre sorridente e alto, muito alto. Quando era criança pensava que eras o homem mais alto do mundo. Lembro-me das sestas e das sopas, ambas diárias e imperativas.
Escolheste-me o nome, fruto das décadas passadas a ouvir música num português mais adocicado e, só por isso, lembrar-me-ia de ti todos os dias.
Hoje, se aqui estivesses, cantar-te-íamos os parabéns e tu chorarias ou ririas, não sei.

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