sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Acabadinha de chegar aqui


Isto nem é não gosto...

... é detesto.

Detesto andar de avião. Agora imaginem o que estou prestes a fazer? O síndrome de Tourette começa a apoderar-se de mim.

Hoje deu-me para comer isto # 06


Mortadela, paio, presunto
Adoro um bom enchido
Não há melhor conjunto
E aqui está todo reunido

O vinho branco não é meu
Álcool não me satisfaz
Mas perguntem quem comeu
A tábua que agora rarefaz

Na verdade foi ontem. São 9h30 da manhã gente.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

o Vô

Lembro-me do teu riso e do teu choro e como nunca sabia qual dos dois eu estaria a presenciar. Sabia que quando ouvisses Amália isso aconteceria inevitavelmente. Ainda não consigo ver ninguém a caminhar com as mãos atrás das costas sem esboçar um sorriso e dizer a quem está ao meu lado "igualzinho ao meu avô". Lembro-me do sotaque de quem passou 50 anos no Brasil e os restantes entre cá e lá e do orgulho "sou português". Dizem-me que eras severo, mas essa faceta desconheci-te. Calado, às vezes demais, sempre sorridente e alto, muito alto. Quando era criança pensava que eras o homem mais alto do mundo. Lembro-me das sestas e das sopas, ambas diárias e imperativas.
Escolheste-me o nome, fruto das décadas passadas a ouvir música num português mais adocicado e, só por isso, lembrar-me-ia de ti todos os dias.
Hoje, se aqui estivesses, cantar-te-íamos os parabéns e tu chorarias ou ririas, não sei.

Man up

Quando eu era criança dizia que ia casar com um destes dois Bruces:



Homens aparentemente rudes, mas capazes de chorar, morenos, com a barba por fazer, sem se interessarem se o cabelo estaria milimetricamente penteado ou se a camisa combinaria com as calças, braços fortes, cigarro num canto da boca, voz grave e assertiva.
Quando me apaixonei, percebi que a minha idealização de marido estava errada. Ou, pelo menos, errada para mim. O meu de rude não tem nada, esbanja simpatia e boa educação, a barba de três dias corresponde, tem a pele muito sensível e fazê-la provoca-lhe espinhas, quando está a conduzir olha para o retrovisor vezes sem conta e penteia o cabelo com os dedos, veste-se muito melhor do que eu, é muito mais magro do que eu, por isso, também lá se vai a teoria dos braços fortes, não fuma e a sua voz é meiga e ponderada. Mas, apesar de nada corresponder ao idealizado por mim quando era criança, a verdade é que gosto, e muito, dele assim.
Senão, imaginemos: chegamos a casa e o Bruce Springsteen está à nossa espera para fazermos o jantar. Nós estamos cansadas, mas lembrem-se, ele é rude, e não se interessa por esse facto. A barba chega-lhe aos ombros e a água também não deve ser a sua melhor amiga, as pulgas saltitam alegremente entre os pelos e não cheira a perfume. O Willis nem cabelo tem para afagarmos e os cafunés que gostamos de fazer estão fora de questão. Levá-lo a um jantar da empresa também seria difícil, ele apareceria de manga cava e descalço e ficaríamos embaraçadas. O cheiro a fumo não me agrada, detesto até. E quanto à voz grave e assertiva, bem, isso até nem me importaria, mas o meu escolhido até consegue quando quer. Rrrrruau! (isto seria um leão a rugir)
Homens e mulheres idealizam os seus pares perfeitos e, muitas vezes, privam-se de conhecer melhor pessoas que não encaixam no padrão. Ainda bem que dei-me uma oportunidade ao falar com um loiro, de olhos azuis, solário feito, camisa da marca whatever e sapatos de vela. Teria perdido uma vida inteira de felicidade.

PS - Querido, também não é preciso exagerar. O Alfaiate Lisboeta não é o melhor blog português.    

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Coisas que gosto e não gosto que vou dizer quando o Daniel Oliveira me entrevistar # 01

Gosto de calças vermelhas, mas não tenho nenhumas. Gosto de me ver maquilhada, mas só o faço em casamentos, baptizados e comunhões, não tenho jeito e ainda fico pior quando tento fazê-lo sozinha. Gosto do cheiro da minha filha quando era bebé. Gosto da forma como ela me protege. Não gosto de pessoas que me mentem quando estão a contar alguma coisa que eu não pedi para me contarem. Não gosto de pessoas que dizem "eu sou o mais, eu sou a melhor", mas também não gosto de falsas humildades. Gosto quando são sinceros comigo sem me estourarem com a verdade na cara. Não gosto que me digam "os teus sapatos são feios" sem eu ter pedido opinião. Gosto de biquinis novos. Gosto de fazer ginástica, embora reclame o tempo tooooooooodo. Gosto de bolachas de chocolate. Gosto de bolachas de manteiga. Gosto de bolachas de canela. Não gosto de pessoas normais, desconfio. Não gosto que queiram que eu beba álcool. Não gosto de bebidas alcoólicas. Não gosto de ter enxaquecas.  

Gininha e Lurdinhas # 04

Apresento-vos o Tipirica.


Brave


Ontem fomos ao cinema só as duas. E, por coincidência, escolhemos um filme cuja história ronda os conflitos e o amor entre mãe e filha.
Valeu mini Oreo.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Hoje deu-me para comer isto # 05


Tão quentinho e saboroso
O franguinho de cabidela
Sirvo um prato generoso
E sento-me com cautela

É tanto molhinho
Não quero entornar
Dá cá um pãozinho
Para eu o ensopar

Adoro esta comida
Seja Inverno ou Verão
Até gosto aquecida
E comer do panelão

Não, não fui eu que escrevi

Mas adorava um dia chegar lá:

Só se vê com o coração. O essencial é invisível aos olhos.

Saint Exupery

Os três juntos

Gosto quando estamos os três. Quando um programa na televisão é a desculpa para nos deitarmos no sofá, sempre eu no meio, ele de mão dada comigo e eu de mão dada com ela. As horas passam depressa demais e hoje já é segunda-feira.

sábado, 25 de agosto de 2012

Feliz 64º

Há nove anos fui adoptada. E melhor que ser adoptada por uns pais que educam, ralham, e castigam quando nos portamos mal, acolheram-me uns tios que fazem todas as minhas vontades e gostam de mim tal como sou. Os tios que nunca tive e que se tornaram num pilar da minha estrutura, emocional e familiar.
Hoje, é um dia especial para um deles e, por isso, é especial para mim também.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Hoje deu-me para comer isto # 04

Ai não, outra vez
Diz a Barriga de Bolacha
A gordura, a flacidez
Quando a consciência relaxa

Mas todas as semanas
Comes pão-de-ló de Ovar
És uma doidivanas
Vais mas é ginasticar

Não consigo recusar
Como hei-de resistir
Digo não, falta-me o ar
Digo sim, sem roupa para vestir

E gosto de palavrões

Não gosto quando as pessoas se levam demasiado a sério. "Ai, credo, gostas de dançar Bonga?", "Vais ver o Tony Carreira? P'lo amor de Deus!", "Tu bebes shots?...", "Como és capaz de comer batatas fritas de pacote?", and so on, and so on. Fruto da minha personalidade irritantemente calma e apaziguadora, esboço um sorriso, sai-me um "Pois é, sou mesmo criançola, eheheheh." e está feito. Mas, depois, fico a remoer. Querem ver que quem me diz estas barbaridades só ouve Chopin e Mozart, bebe vinho tinto de 600 euros e come porco preto, caviar e trufas? Pois se nunca dançaram ao som de Bonga digo-vos: não sabem mesmo o que perdem. Nunca foram ver um concerto do Tony com um grupo de mulheres completamente fãs do senhor? Imperdível. Não bebem shots porque queimam as células do cérebro? Ora, ainda bem. É da maneira que a Troika e o Passos Coelho podem ir ao meu bolso ainda mais à vontade que eu vou deixar de certeza.
Este fenómeno acontece, muitas vezes, quando as pessoas juntam os trapinhos. Fazem questão de mostrar a todos como estão adultos responsáveis. Frases do género "Nem sabes da minha vida" passam a ser frequentes.
É óbvio que eu não bebo shots e como batatas fritas de pacote todos os dias, ouço mais coisas que não sejam Bonga e Tony Carreira, mas porque hei-de negar à partida algo que não conheço? Por preconceito? Porque parece mal? Quilhem-se. 
Definitivamente, não gosto quando as pessoas se levam demasiado a sério.

E agora apetece-me colocar este vídeo:


Uuuhhuuuuuuuu


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Os fashion blogs

Quando comecei a ver alguns blogs de moda, achei piada. Sou miúda e por mais desajeitadas que sejam as minhas escolhas na hora de me vestir, pois fico muito confusa, gosto de me sentir giraça. Quem não gosta? Alguns blogs de moda dão dicas bastante úteis e, de vez em quando, gosto de lá ir cuscuvilhar. 
Mas, há alguns posts que eu sinceramente não entendo. Se é para mostrar camisa, calças, sapatos, bolsa (ou clutch, é mais fashion), chapéu e cuecas daquela loja cujo nome começa com Z e acaba em ara eu vejo um catálogo.
Além disso, há outra coisa que me transtorna deveras e que é sentir que ando vestida com um uniforme. A cada passo vejo uma mão cheia de imagens de roupas que eu também tenho. Ora, a ideia não seria mostrarem coisas originais, ou usadas de forma original? 
 
 


 
Bolachas
 
As imagens que eu usei para exemplificar este post não sugerem que os blogs de onde elas foram retiradas não sejam originais ou whatever. Eu é que escolhi estas calças hoje e lembrei-me de já as ter visto em 635292826173536 blogs. 

Não te vás abaixo

Conheci-te no dia do meu 30º aniversário. Foi amor à primeira vista. Já passaram mais de dois anos e o prazer de estar contigo continua imenso. Tenho muito orgulho em ti, sabes? Adoro quando te elogiam e confesso que te mostro com alguma vaidade. Não pode passar muito tempo sem que te toque. Gosto da tua masculinidade, da tua força.
Nos últimos dias não tens andado muito bem e isso preocupa-me. A ideia de estar afastada de ti angustia-me. Logo, logo vão tratar de ti e tudo voltará a ser como antes.
Deixo aqui uma foto tua, em jeito de homenagem e para mostrar publicamente (pelo menos às três pessoas que lêem o blog) o quanto gosto de ti.
 
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Hoje deu-me para comer isto # 03




Podes dizer perceba
Podes dizer percebe
Arranja é que se beba
Que o jantar promete

Qual lagosta ou camarão
Santiago ou lavagante
Nada me fala ao coração
Como uma perceba gigante

As fotos estão horríveis, eu sei. Mas a culpa não é da fotógrafa, nunca será. É da máquina e da falta de luz. Ah, e isto não foi hoje. Foi ontem.




quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Cultura humorística e não só

A minha pequena contou uma anedota. Quando terminou, o meu pai disse-lhe:
- Essa anedota é do Samora.
- Do Rogério?

Impaciência hereditária

Não tenho jeito absolutamente nenhum para desenhar ou para trabalhos manuais. Tenho ideia que se houvesse um concurso mundial para encontrar a pessoa cujos desenhos parecem ter sido feitos por um elefante eu ganharia, posso dizer com orgulho. Este facto não resultaria em nenhum trauma de infância se o meu pai não desenhasse extraordinariamente bem e não fizesse vida disso. Ajudar-me nos trabalhos de Educação Visual era sempre um suplício. Eu preferia levar injecções a ter que fazer algum trabalho com a ajuda do meu pai. É que ele explicava-me uma vez como fazer determinada técnica e pretendia que eu, no minuto a seguir, a aplicasse correctissimamente. Ora, se atentarem no desenho abaixo, não vou precisar dizer mais nada a não ser isto: IM-POS-SÍ-VEL.




Quando a minha filha entrou para a escola, eu achava que ia ser uma óptima explicadora. Que nos íamos divertir imenso a estudar. Que Deus me livre de ser impaciente como o meu pai e achar que a minha pequena era inteligentíssima e perspicaz como ninguém.

Not.

Sou incorrigivelmente pior que o meu pai. Explico-lhe uma coisa e quero que ela imediatamente a seguir a tenha sabida, decorada, tudo. Conclusão: estou proibida de "ajudar" a minha filha na escola.
Mas, este ano, ai este ano. Este ano vai ser o tal. O tal em que me vou portar bem e que a vou realmente ajudar sem espernear.

Prometo.

Ai que estou tão tramada.

Não, não fui eu que escrevi

Mas adorava um dia chegar lá:

A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.

Fernando Pessoa

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Gosto quando me falas suave.

Gosto quando me falas suave. Os olhos de mar brilham, o corpo toma nova forma, sedento de um abraço, a tua mão procura a minha, como gosto de dar a mão, a tua cabeça pousa no meu ombro como se lhe pertencesse, encaixando perfeitamente. A vida corre devagar quando estamos assim. Assim perto, assim bem.

Criança detida por blasfémia

Uma criança paquistanesa está detida depois de ter sido acusada de desrespeitar o Corão. O caso da menor, filha de pais cristãos, está a suscitar a ira entre a população maioritariamente muçulmana, que exige que a criança seja punida. A lei paquistanesa prevê a pena de morte para alguns destes casos.
Rimsha, que terá entre 11 e 12 anos e trissomia 21 ou síndrome de Down, foi detida na última quinta-feira em Mehrabad, um bairro em Islamabad habitado por perto de 800 paquistaneses cristãos, depois de uma multidão em fúria ter exigido que fosse punida. O que terá estado na origem da detenção da criança não foi ainda confirmado oficialmente.



Não há-de ser um hábito fazer isto, mas visto que no Barriga de Bolacha hoje fala-se de crianças, quero partilhar esta notícia.

A mini Oreo que qualquer dia não é

Quando nasceste, eu não sabia cuidar de ti. Nunca tinha pegado num bebé ao colo, trocado uma fralda, dado um biberão. Aprendi de um dia para o outro que as mãos e os pés dos bebés parecem sempre grandes em relação ao corpo e que se estão frios pode ser sinal de febre, que os devemos acordar quando adormecem a mamar, que têm a cabeça mole, que têm um cheiro bom que ao longo do tempo vai passando e, principalmente, que apesar de serem minúsculos têm a capacidade de mudar a nossa vida de uma forma que mais nada consegue.
Li que ser mãe é ter o coração fora do corpo. Confirmo. Mas, o que eu ainda não sabia e estou a aprender, é que à medida que os anos avançam essa sensação intensifica-se. Olho para a primeira imagem e vejo uma criança feliz, de trato fácil. Vejo um tempo em que as únicas preocupações eram tornar-te bem-educada, ensinar-te o bem e o mal e a fazer as devidas distinções. Na segunda imagem, tirada há tão pouco tempo, vejo uma pré-adolescente feliz, ainda de trato fácil. Mas, a par do teu desenvolvimento físico cresceram as preocupações, que também aumentaram de volume e de peso. O meu coração vive hoje, mais do que nunca, fora do corpo, esperando que as lições sobre o bem e o mal estejam estudadas.
Eu sei que sabes, que sentes. Gosto muito de ti.  

Post trengo-romântico já a seguir

2005

2012


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Gininha e Lurdinhas # 03

Num supermercado em Benidorm:
 - Boa tarde. Quero dez bifes de atum, por favor, diz a Gina para a funcionária da peixaria, que não conseguiu entender o pedido.
A Lurdinhas, em auxílio da amiga, ia apontando para o atum e dizendo devagar:
- Deeeeez biii-fes deeee aaa-tuuuum.
Sem resultados positivos, pois a funcionária continuava sem entender, acontece uma nova tentativa, desta feita num idioma perfeito:
- Dez BÉFÉS de atum. Deeeeeeez BÉ-FÉS!
- Aca Gininha, estava difícil. Ainda bem que somos polilotas.

Isto dos blogs

é uma coisa fantástica. Saber que estou a comunicar com alguém na Rússia, em Macau, em Timor ou nos Estados Unidos deixa-me mesmo contente. Mesmo que lida apenas uma vezinha que seja, ver que uma pessoa no outro lado do mundo perdeu tempo comigo é maravilhoso.
Este é mesmo um blog lamechas, eu sei. Eu bem tento ir por outros caminhos, mas a minha veia trengo-romântica é muito forte. Desculpem lá.

Porque hoje é dia 20

Mas bem que podia ser dia 7, 13, 28, na verdade tanto faz. Não há que temer a felicidade e admitir que a sentimos, que a vivemos e, para isso, não são precisos dias certos. Não gosto do Natal, da passagem de ano muito menos, de aniversários nem me falem. Gosto de dias normais, de acordar para ir trabalhar, de almoçar nos meus pais, de ir à ginástica, de ir para casa, tratar dos meus. E fazer tudo isto sempre feliz, completa, certa do meu lugar na vida. Isto são dias especiais.
E hoje é um dia especial, de tão normal que é: vivido com a sensação de estarmos em casa, no nosso lugar no sofá, a ver o nosso filme preferido, com as nossas pessoas e a comer bolachas de chocolate, por onde quer que andemos. 

Lição básica para lidar com uma mulher

Não digam, depois de cumprimentarem a vossa dentista, "não pensavas que ela era assim, pois não?"

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Dá um último gole e senta-te aqui. Sabes que gosto do cheiro doce a whisky. Já todos se foram embora e a casa denuncia as gargalhadas e os bons momentos da noite. A música ainda toca, mas agora baixinho. Vou pôr outra coisa. Pode ser Otis?


Amanhã arrumo os copos, os cinzeiros, lavo o chão. Agora vamos subir. Deixa a música tocar.

Tudo o que pode correr mal, corre

Fui convidada para um casamento. E a ansiedade das noivas, desde que casei, parece-me sempre completamente desnecessária. É que quando as coisas podem correr mal, as coisas correm mal. E existem centenas de pormenores que escapam ao nosso empenho, tal como a noiva sentir-se mal e passar o copo de água todo a vomitar. Eu tenho a certeza que não há pior que isto. Pois, e aconteceu-me.
O nervosismo do meu pai quando ainda estávamos em casa, tanto que parecia ele a noiva, combinado com a minha própria ansiedade resultou num estômago embrulhado e numa cabeça a latejar, os dois meus, diga-se. Até à igreja fui com a cabeça fora do carro, tal como um cão todo contente, com a língua de fora, por sentir o vento no focinho. A diferença é que eu não tenho focinho e nem tão pouco ia contente com a língua de fora. O meu único pensamento e desejo era: "Bolachas, não vomites na igreja".
E, de facto, este desejo foi concedido. Esperei até chegar à quinta para vomitar. Só parei quando cheguei à casa nova. Não comi, não bebi, não dancei. Minto, dancei. Abri o baile com o meu recém-marido. Quem vir o vídeo pensa logo: "ai, que bonito, estavas tão compenetrada, tão apaixonada". Não, não estava. Estava era literalmente a segurar-me no meu moço, de olhos fechados e a pedir-lhe secretamente que não me balançasse muito.
No final do casamento chorei, chorei, chorei. A sonhar com aquele dia desde que praticamente nasci (e não me venham com coisas, que todas as meninas, umas mais e outras menos, claro, imaginam centenas de vezes este dia) e tudo, TUDO, tinha corrido mal.
Por isso, a ansiedade das noivas me parece desnecessária. Desde que não seja preciso arranjar uma sala escura para a noiva dormir enquanto os convidados se divertem, o casamento já correu muito bem.
Um dia, vou casar-me outra vez (contigo na mesma Sr. Bolachas, não te preocupes).

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

das horas que não passam

A vontade é nenhuma. A cabeça pesada, os olhos cansados, o corpo prostrado na cadeira do trabalho. A mente vagueia, vagueia e não me deixa concentrar. As conversas não me interessam, hoje sou egoísta, as tarefas a concluir parecem-me muros de cem metros que tenho de ultrapassar. Cada minuto dura, de certeza, muito mais de sessenta segundos porque olho para o relógio do computador e ele ainda me diz 9:35, tal como quando iniciei este texto.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Querido Ricardo Araújo Pereira

Ao longo dos anos tenho sido uma fã incondicional. Mas, depois de ouvir isto, não sei se poderemos manter esta relação. Tenho muita pena. Bem sei que teres-me no teu rol de admiradoras era muito prestigiante para ti, mas não insistas. Está tudo acabado.

O desporto mais bonito e difícil de sempre
Uma fã de coração partido

Só porque me apetece

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Mas não há quem decida por mim?

Decidir pode ser difícil. O dia é feito de opções: "vou ficar mais cinco minutos na cama"; "não vou comer pão"; "vou a pé para o trabalho"; "não vou cumprimentá-lo"; "vou mas é comer uma pizza e faltar à ginástica". E se estes exemplos, em princípio, só a nós nos dizem respeito, há decisões que interferem com outras vidas, com outras expectativas, com outros sonhos e que, uma vez tomadas, não podem ser revogadas. Quando temos essa consciência, surge o inevitável se: "E se me arrependo?" Acho que este se é sinal que não estamos seguros da nossa decisão, que ainda não estamos prontos para a tomar. Porque quando estamos preparados, quando pensamos que algo faz muito sentido, há uma vontade imensa de dizer "sim!" e os ses não existem porque é claro (na nossa cabeça) que nunca nos iremos arrepender daquela decisão.
Eu não gosto de estar indecisa. De não saber o que quero. De ter medo de me arrepender. De falhar. De desagradar. Tenho de aprender a aceitar as consequências das minhas decisões, viver com o arrependimento, caso ele surja, e despreocupar-me com o futuro.

       
 

Dia Internacional dos Canhotos

O mundo ao contrário. Parabéns mini Oreo.

sábado, 11 de agosto de 2012

Hoje deu-me para comer isto # 02

Querido crepe salgado
Por mais que te respeite
Quero é um crepe afogado
Em amêndoa e doce de leite

Foi difícil dividir
Era gostoso demais
Estou ansiosa por ir
A outras feiras medievais

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Quero muito chegar a casa. Enroscar-me nos teus abraços, cabemos assim tão bem os dois, sentir a pele quente do teu pescoço e as tuas mãos nas minhas costas. Quando estiver assim, vou sentir-me dona do mundo.
Detesto pessoas prepotentes, que falam do alto da burra, que insultam sem misericórdia, que fazem uso da superioridade hierárquica para humilhar, gozar os outros. Detesto pessoas que não olham a meios para atingir os seus fins, passando por cima de pessoas que um dia já as ajudaram. Detesto pessoas que são más só porque sim, só porque lhes apetece, pessoas que descarregam as suas frustações, profissionais e pessoais, naqueles que não têm força para responder à letra, não podem responder à letra. Detesto pessoas que primeiro falam mal e só depois perguntam o que se passou.
Aqueles que não tem escrúpulos não podem ganhar sempre, pois não?

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Gininha e Lurdinhas # 02

A Gina e a Lurdes têm um vocabulário muito próprio. Palavras como:
- esterístico, leia-se asterisco;
- onduances, leia-se nuances;
- PGS, GPS;
- ou coloscopia, acho que não preciso traduzir esta;
são ínfimos exemplos da imaginação destas duas amigas. Quando achamos que "pronto, não há calinada maior que esta", vem a outra e sobe a fasquia.
Chamar uma senhora de Dona Campanhã, quando a senhora se chama Trindade, entrar num carro num dia de chuva pensando que um amigo tinha parado para oferecer boleia e só reparar que se tratava de um estranho passados três quilómetros, abastecer o carro e trazer a mangueira atrás ou colocar vick no nariz, dar duas fungadelas com a cabeça para trás, dizer "ah, estou muito melhor", seguido de um "ah, afinal estava fechado" são o pão nosso de cada dia.
As duas amigas são as preferidas de toda a gente. Não há - e pode parecer utópico - mas não há mesmo quem não goste delas. Onde as duas estão há gargalhadas com lágrimas e dores de barriga, quando elas estão não se diz mal de ninguém e a vida é uma brincadeira.

A obsessão do meu marido

O meu marido tem uma verdadeira obsessão por carros. Já sei, já sei, 90% dos homens gostam de carros. Mas o meu marido não gosta de carros. Ele é mesmo obcecado. Tanto, que a seguinte conversa já teve lugar:
- Naqueles dias que estou mesmo chateado com o trabalho e que já não posso ouvir os clientes, vou até à rua "não sei quê", ver o carro "não sei quantos" e fico logo mais calmo.
- WTF?!
Há pessoas que gostam de ir ver o mar, dar um passeio pelo bosque, comer chocolates, sei lá, mas nunca ouvi falar de alguém que se acalma a ver carros.
O meu marido conhece todos os modelos, de todas as marcas, de todos os anos. Quando estamos a ver televisão, mal um carro aparece no ecrã (e não estou a falar de aparecer o exterior do carro, pfff, será que ainda não viram a dimensão da coisa? Basta aparecer um banco, um volante, um retrovisor) ele grita: Mercedes SL 280, a gasolina, de 1976, por exemplo (foi o primeiro carro que me apareceu na busca do google e pareceu-me bonito o suficiente para ser um exemplo). Ora, isto poderia não me aborrecer nada, mas acontece que aborrece. É que ele podia viver isto tudo sozinho, viver esta maluqueira sem me arrastar, mas não. Durante muitos anos, fui fingindo que me interesso pelo assunto enquanto ele fala, mas na verdade, enquanto ia acenando com a cabeça e dizendo coisas do género "ai sim? Pois é. É muito bonito. Ah, realmente as outras jantes eram mais bonitas" a minha mente divagava, divagava... É que eu tenho um dom, o dom do modo piloto-automático. Sou capaz de estar horas com uma pessoa, conversar sobre os mais variados assuntos e não me lembrar absolutamente de nada do que eu ou a outra pessoa disse porque eu nunca estive lá. Quem esteve foi o piloto-automático. Ora dizia eu que durante algum tempo esta técnica funcionou. Mas, o meu marido, além de troloró é esperto e logo percebeu que eu não gosto de carros, não me interessam os modelos, se são a gasolina ou a gasóleo, se têm jantes 16 ou 18 ou...

ou...

ou...

... bem, eu gostava de dar mais exemplos, mas estes dois são os únicos que o piloto automático me deixa lembrar.
Nós zangamo-nos pouco. Gostamos um do outro, a vida corre e não arranjamos sarra para nos coçarmos. Mas, os carros, ai os carros. O homem cisma que se é um grande interesse para ele eu também deveria esforçar-me para gostar. Que quando eu falo de pêlos encravados, varizes ou da roupa da Zara ele também me ouve. E pensam vocês "ah, isso é ele que também liga o piloto-automático". Mentira. Eu posso falar do que quiser, passam quatro anos e o gajo lembra-se. Assim fica muito difícil.
Acho que o melhor é eu voltar para o google e começar a saber o que são cilindros e...

e...

Bosta, nem sei mais o que hei-de pesquisar. O melhor a fazer é dar-lhe logo a Taça de Conjuge Perfeito, pela qual me ando a debater há nove anos.    

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Vamos voltar atrás no tempo. Lembraste quando eramos felizes? Nós já fomos felizes um dia, não fomos? Deve ter havido um tempo em que a minha voz tinha importância para ti, que o meu toque te arrepiava, que tinhas orgulho, amor, desejo, sei lá, qualquer coisa. Vamos tentar lembrarmo-nos. Terá sido em 1976? 78, talvez. Não. Em 1978 estivemos durante três meses sem nos falarmos porque eu disse que a Cláudia Raia era bonita e tu achavas que ela era apenas engraçada. Então quando terá sido? No ano seguinte também não foi, porque lembro-me como se tivesse sido ontem que com uma discussão sobre quem leva o lixo ficamos sem falar durante cinco anos. Não me lembro, talvez seja da idade. Sim, eu estou a envelhecer, como tanto gostas de dizer aos outros. Pronto, ganhaste. Mas, acredita, estou muito melhor do que tu. Ainda no outro dia me disseram que pareço muito mais jovem. Nem acreditaram quando eu disse a minha idade. O quê? Como és capaz de dizer isso? Não fales comigo até 2024.  


Volta bolacha Palito

Já não a vejo há três dias. Sinto falta do seu cheiro, nem sempre o melhor quando se tem 11 anos e as hormonas em pulgas, da sua voz meiga, mesmo quando é malcriada, dos seus mimos, às vezes brutos pela falta de jeito que herdou da mãe, da sua desarrumação, que dá vida à casa, dos ralhetes que ambos lhes damos, dos ralhetes que eu dou a ambos.
Sou piegas, sou lamechas, sou mãe-galinha. Não me importo. Tenho saudades da minha Bolachinha. 

A melhor parte do dia



terça-feira, 7 de agosto de 2012

Hoje deu-me para comer isto # 01

Desço as escadas pé ante pé
Não os quero acordar
Quero beber o meu café
E comer o Pão de Ló de Ovar

Vou comer só uma colher
Talvez uma fatiazinha
Não acredites em quem disser
Que não ficou nada na caixinha

Os novos amigos

Os novos amigos fazem piqueniques, marcam almoços, jantares, caminhadas. Os novos amigos dizem piadas e gostam uns dos outros, descobrem a cada frase o nosso feitio, a nossa história. A diferença de mais de vinte anos aproxima-nos, a jovialidade não se mede, há gargalhadas reais, dizem que tiveram saudades nossas, e é sentido e nós sabemos, há grandes sorrisos quando nos vêem e perguntam sempre se estamos bem. É bom, e eu já me tinha esquecido, ter novos amigos.

As avós

Quando eu era criança, morria de inveja dos amigos que tinham avós de quem gostavam, de quem tinham saudades, com quem ansiavam encontrar-se. Eu imaginava esses encontros como momentos quase mágicos. Com bolos e chá, histórias de tempos passados, o cheiro do assado pela casa, um cobertor quente à beira da lareira e um colo sempre pronto para nos receber.
O tempo passado com as minhas avós não era assim. Nada assim. Eu não gostava de estar na frieza da casa delas, estava sempre pronta para ir embora. Não havia bolos e nem assados. Não havia mimos e nem colo. Não tenho nenhuma boa recordação de nenhuma delas, apenas a sensação que para nenhuma delas eu fui importante.
Hoje, volto a sentir a importância de uma avó na vida de uma criança. Ao ver a minha filha deitada no sofá da avó, enroscada no cobertor amarelo, sei que é muito mais feliz por ter o quente daqueles abraços, aquelas cociguinhas, aqueles bifes com batatas fritas e aquele amor que eu não tive, mas que o vivo através dela.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Chefes

Chefe, chefinho
Pára lá de chatear
Vai tomar um cházinho
E deixa-me mas é trabalhar

Chegas à hora que te apetece
E ficas logo nervosinho
A malta um dia endoidece
Com esse teu arzinho

Estás sempre mal disposto
E sempre a reclamar
Põe um sorriso no rosto
A pele não vai enrugar

Não, não fui eu que escrevi

Mas adoraria um dia chegar lá:

Não adianta sonhar com o que é feito apenas de fantasia e querer aspirar ao impossível. A felicidade é a aceitação do que se é e se pode ser.

Valter Hugo Mãe, Filho de Mil Homens

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Sou distraída. Não, sou muito distraída. Não, ainda não, sou a pessoa mais distraída que alguma vez existiu. Pode imaginar-se a cena mais ridícula do mundo que com certeza já me aconteceu. Coisas como não saber onde está o carro, as chaves, os documentos ou aquele papel importante são diárias e até um pouco básicas para mim. Se toda a minha distracção se resumisse a estes exemplos eu seria muito mais feliz. As minhas distracções são estas e outras, muitas outras, mais rebuscadas, mais incríveis e mais ridículas.
Prometo a mim mesma e aos outros que vou melhorar, que vou estar mais atenta, mais conectada com o mundo, mas a verdade é que as minhas promessas nunca são cumpridas. Não por vontade própria, aliás, por vontade própria, sim, mas da distracção. Parece que ela, quase uma amiga depois de tantos anos de convívio próximo, tem uma vida à parte da minha e quando lhe apetece dá o ar da sua graça, como um primo chato que de vez em quando lá se lembra de aparecer em nossa casa para pedir dinheiro emprestado. Tanto já me parece um ser real, que a partir de agora acho que o melhor é escrever o seu nome com maiúscula, Distracção.
Conviver comigo não deve ser fácil. Ou se tem uma grande dose de paciência e sentido de humor ou o melhor é nem se aproximar. É que além da Distracção, tudo para mim é para ser feito com calma, sem discussões e sem muito esforço. Descomplicar é o meu nome do meio, o que pode ser muito útil, mas só mesmo em casos de emergência. Sou a melhor pessoa para se ter por perto quando alguém está doente ou magoado. Não entro em pânico e sou perita a desdramatizar. Não há nada que um ben-u-ron não cure.
Sou um elefante numa loja de loiça. Não tenho culpa de ser grande e haver tantos detalhes para tomar atenção.    

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Não, não fui eu que escrevi

Mas adoraria um dia chegar lá:

Visitação ou Poema que se diz manso

De mansinho ela entrou, a minha filha.
A madrugada entrava como ela, mas não
tão de mansinho. Os pés descalços,
de ruído menor que o do meu lápis
e um riso bem maior que o dos meus versos.
Sentou-se no meu colo, de mansinho.
O poema invadia como ela, mas não
tão mansamente, não com esta exigência
tão mansinha. Como um ladrão furtivo,
a minha filha roubou-me inspiração,
versos quase chegados, quase meus.
E mansamente aqui adormeceu,
feliz pelo seu crime.

Ana Luísa Amaral