segunda-feira, 29 de abril de 2013

Desalinhada

Ao ouvir os Resistência, na passada sexta-feira, regressei ao início da minha adolescência, quando achava que ainda iria mudar o mundo, que seria uma jornalista de guerra sempre apelando pela paz, que iria fazer a diferença. Nessa altura, ansiava crescer, ser independente, sair de casa, trabalhar. Não fui uma adolescente feliz. Quando ouvia esta música, vezes e vezes e vezes sem conta, pedia que a mulher que me tornaria um dia me desse um sinal, um sinal de que tudo iria correr bem. Na sexta-feira, ao ouvir depois de tantos anos esta música, sorri e mandei um sinal: tudo corre bem.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Básico e simplesmente estúpido

É muito fácil e cómodo afirmar-se, alto e a bons pulmões, que os portugueses viveram acima das suas possibilidades, comprando casas com piscina e três carros e passando férias na república Dominicana, e depois voltar-se para a casa T10, em Cascais, com campo de ténis e casota para os cães com 100 m2.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Não, não sabes dançar

Para fazer uma aula de zumba não é preciso ser nenhum génio da dança. Basta ter algum sentido de ritmo e falta de vergonha na cara para fazer muitas das figurinhas que são propostas. Ora, eu possuo ambas as condicionantes. À minha frente estava uma rapariga que não acertava uma. Se era para ir para a direita, já se sabe, ia para a esquerda. Mesmo os movimentos não eram os mesmos que o resto das alunas faziam. Quando o professor grita "a pares meninas" e ela me dá a mão, reconheço-a de algum lugar. Não descanso enquanto não descubro e a resposta não tardaria. Tratava-se de uma das participantes no falecido programa "Achas que sabes dançar?". E a minha dúvida é esta: como é que alguém que não distingue a direita da esquerda consegue entrar num programa de dança? Não era suposto os dançarinos conseguirem fazer isto:

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Color run

Depois de ter sido adiada por causa do mau tempo, a Color Run está aí. O pior é que este domingo também promete muita chuva. Caraças. E eu ansiosa por vestir a minha saia de tule branca de bailarina com fitinhas de todas as cores.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Ladrão que rouba a nação tem antena na televisão

À nossa volta há pessoas que não se falam, que não se gostam, que nem sequer se toleram. Estão sentadas à mesma mesa, como se nada fosse. As datas festivas têm destas coisas. O Bonga toca alto camuflando de alegria o incómodo geral.


Tiro a camisola quente, prendo o cabelo e faço-te sinal. Não há nada mais atraente do que um homem que sabe dançar. A tua perna no meio das minhas, as tuas mãos pousadas com fimeza nas minhas costas, mão com mão. Gosto que me conduzas, de ir para onde me pedes, de fazer o que o teu corpo me manda. Escolhi-te tão bem. Que Páscoa feliz.

Adaptação às circunstâncias é...

Sermos retiradas dos "Bons Blogs" do Pipoco e pensarmos que foi bom enquanto durou.

terça-feira, 26 de março de 2013

Gostava de dar porrada em certas pessoas e depois voltar atrás. Satisfazer esta minha necessidade e continuar com a minha vida como se nada fosse. Dar uma marretada bem forte na cabeça de alguns colegas, um beliscão e um puxão de cabelos a certos familiares, uma estalada bem dada a pessoas que vão passando pelos meus dias e, simplesmente, fazer um rewind e regravar outra cena por cima, mas guardando aquela sensação de dever cumprido, de justiça feita.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Quando não há nada a dizer, o melhor é estar calada. E esta semana, o pouco que tive para partilhar era mau. Maus colegas, mau ambiente de trabalho, mau tempo, mau estado de espírito. Por isso, o melhor foi mesmo estar calada. Esta semana começa... tchan tchan tchan tchan... Com uma má notícia. Estão a ver o padrão?

quinta-feira, 14 de março de 2013

Ok, ok, o novo Papa é argentino e jesuíta mas...

... o pai é italiano, ele estudou na Alemanha e é contra a contracepção, o casamento homossexual e o aborto, mesmo em casos de violação.
Posto isto, o que raio interessa ele ser argentino?

terça-feira, 12 de março de 2013

Sou obcecada

Por nada em particular. Isto funciona mais ou menos por fases. Já fui obcecada em me casar, já fui obcecada em ter filhos, já fui obcecada em ter o corpo igualzinho ao da Cláudia Vieira e ultimamente sou obcecada pela escola, professores e colegas da minha filha. Funciono por objetivos e sem eles a minha vida não faz qualquer sentido. Sou capaz de ter a mesma conversa com dez pessoas diferentes como se fosse a primeira vez que falo no assunto. Com o mesmo entusiasmo, a mesma emoção, como se aquelas palavras estivessem a ser sentidas pela primeira vez. Para os de fora, as minhas obsessões não constituem nenhum drama, já o mesmo não se pode dizer para os de casa. As minhas obsessões são chatas. Eu sou chata. Sou capaz de falar o dia todo sobre a minha obsessão do momento e todos os assuntos vão dar "ao" assunto.
O bom disto é que não é eterno e nem sequer é preciso concretizar o meu objectivo para, da noite para o dia, eu arranjar outra qualquer obsessão para meu bel-entretenimento. Ando meses com a foto da Cláudinha no frigorífico, investigo entrevistas, artigos, ansiosa por saber o segredo. Até que um dia me apetece um kinder bueno, iguaria na qual também sou obcecada, e penso que se lixe, e nunca mais volto a pensar na Cláudia. Falo em ter filhos todo o santo dia. O meu marido implora-me para o deixar em paz. Não deixo. Até que há um clique qualquer na minha cabeça e eu deixo, não só de falar, como de pensar no assunto. E se essa antiga obsessão volta à baila, mudo de tema mais rápido que o João Ricardo põe a mão em qualquer moça do Vale Tudo.
Por isso, aqui me penitencio e peço já muitas desculpas à minha mui amada família por futuras estranhas obsessões que podem - e vão - surgir nos próximos 60 anos que pretendo andar por cá.   

Queridos amigos


Como todos sabem, a minha capacidade atlética é imensa. Foi com muito agrado que recebi o vosso convite para participar no Trilho Muito Difícil (não estou a inventar nada. É mesmo assim que se chama. Vão ver o regulamento). No entanto, encontro-me com uma tendinite, facto que me fez pensar seriamente se a atitude mais inteligente a tomar seria acompanhar-vos nessa que será uma agradável experiência pelo seio da montanha.

Ora, dizia eu, a minha capacidade atlética é imensa, como todos podem comprovar em todas as aulas. Ela é burpees, ela é alteres de cinco quilos, ela é saltos por cima de dois steps, enfim, uma série de exercícios que só os melhores conseguem fazer. Mas, esta capacidade não altera o facto de eu ter os pés pequenos. Pois é. Ninguém é perfeito e sei que todos pensam há largos meses qual seria a minha imperfeição. Pois que é essa. Calço 34/35, números que não são correctamente proporcionais ao corpo espadaúdo e musculado que possuo. Isto faz com que o meu equilíbrio seja pouco, muito pouco meus amigos. De bicicleta caio parada, caio nas escadas em frente ao chefe, caio nas passadeiras a atravessar estradas, caio em todo o lado. Tudo porque tenho os pés pequenos.

Outro factor que me faz pensar se devo acompanhar-vos, é que sou luso-brasileira. Pois é, não tenho o rabo para comprová-lo, mas a minha certidão de nascimento diz que sim. Sou metade, metade e a metade do meu rabo é do meu pai, português portanto. Este factor faz com que eu não retire especial prazer em apanhar chuva na cara, a tal metade carioca que só está bem quando estão 25 graus, vá. Digam que sou maluca, mas andar à chuva cinco horas seguidas é coisa que não gosto, pronto.

Tendo em conta todos estes poderosos argumentos, tenho a dizer que acompanhar-vos-ei...

 

... no Verão.

 

 

Peço que me compreendam. Sei que não vai ser a mesma coisa sem mim. Mas sejam fortes. Estarei a pensar em vocês, em minha casa, com os aquecedores ligados e abraçada à minha família. Mas acreditem que fico com pena. Estava ansiosa por andar DE-ZAS-SÉIS QUI-LÓ-ME-TROS à chuva no meio da montanha, mas a tendinite, os pés pequenos e a costela brasuca impedem-me.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Morrer de Amor

Morrer de amor
ao pé da tua boca

Desfalecer
à pele
do sorriso

Sufocar
de prazer
com o teu corpo

Trocar tudo por ti
se for preciso

Maria Teresa Horta, in “Destino”


sexta-feira, 8 de março de 2013

Correu bem


Top of the world

Que horas são? 15h17? O que vou ouvir para passar o tempo mais rápido?


Estarás nervosa? Não fiques. Para mim estarás sempre no top of the world.
As borboletas voam na minha barriga. Nunca mais são 16h30. É melhor ir tomar café. Não, é melhor não. Que horas são? 14h53? Obrigada. Então e este tempo, hum? Está Inverno, não está? Tem horas? 14h54? Obrigada. Com que então o Chávez embalsamado? Esta gente inventa cada uma. Que horas é que disse que são? 14h55? Obrigada.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Sabes que os teus colegas compreendem as tuas enxaquecas quando as persianas do teu escritório (qua partilhas com mais quatro pessoas) estão fechadas, as luzes estão apagadas e todos estão em silêncio. São 16h20 e há luz lá fora, mas no meu gabinete já é noite.

terça-feira, 5 de março de 2013

Não te interessam as manifestações, os blogues com comentários trengos e descabidos sobre as roupas das passadeiras vermelhas, os filmes e actores que levaram a estatueta para casa, a doença do Chávez, o filme idiota, ridículo e insultuoso do Turismo de Portugal, o desaparecimento do Cavaco Silva. Interessam-te as coordenadas geográficas, as placas tectónicas, a Grécia Antiga, as capitais europeias, Habla usted español? Tenho feito as minhas próprias - solitárias - manifestações, tenho ouvido comentários trengos e descabidos sobre educação, tenho visto representações merecedoras de estatuetas e comportamentos idiotas, ridículos e insultuosos de professores, pais e alunos, o desaparecimento da direcção da escola, assobiando para o lado como se nada se passasse.  

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Para a minha filha decorar as capitais europeias, faço várias analogias. Letónia é Antónia, Riga é barriga, entre outras. Ontem perguntei-lhe qual é a capital da Hungria, cuja analogia era sangria. Resposta:

- Enxaqueca.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Maria do Rosário Pedreira

Ouvir a Maria do Rosário Pedreira faz-me sentir muito estúpida. Poderia ouvi-la durante horas. E o seu retrato de família, no Correntes d'Escritas, foi dos momentos mais marcantes para mim desde que assisto a estas Mesas, há mais de seis anos.

Aqui, mostro um dos meus poemas e uma das minhas músicas preferidas, ambos escritos por ela.

Lembrava-se dele e, por amor, ainda que pensasse
em serpente, diria apenas arabesco; e esconderia
na saia a mordedura quente, a ferida, a marca
de todos os enganos, faria quase tudo

por amor: daria o sono e o sangue, a casa e a alegria,
e guardaria calados os fantasmas do medo, que são
os donos das maiores verdades. Já de outra vez mentira
e por amor haveria de sentar-se à mesa dele
e negar que o amava, porque amá-lo era um engano
ainda maior do que mentir-lhe. E, por amor, punha-se
a desenhar o tempo como uma linha tonta, sempre
a caira da folha, a prolongar o desencontro.
E fazia estrelas, ainda que pensasse em cruzes;
arabescos, ainda que só se lembrasse de serpentes.

Maria do Rosário Pedreira



Letra de Maria do Rosário Pedreira

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Das mãos desse senhor não receberia uma côdea de pão, mesmo que estivesse a passar fome.

Maria Teresa Horta, sobre não ter aceitado o Prémio D. Dinis das mãos de Pedro Passos Coelho.
Entro na sala e procuro um lugar para me sentar. Escolho um sítio discreto, próximo da porta. A Maria Teresa Horta senta-se numa cadeira à minha frente. Minutos depois, é a vez de José Carlos de Vasconcelos sentar-se ao meu lado. Páro imediatamente de mexer no telemóvel, não vá ele pensar que sou uma daquelas miúdas que durante um espectáculo actualiza o perfil do facebook. Não José. Eu nem sequer tenho facebook. Espera. Ele está a chamar alguém. Há um lugar junto a esta menina, diz. A senhora sorri-me e pede licença. É a Carmen Dolores. Fico eu ali, sentada no meio dos dois e com a Maria Teresa Horta no lugar à minha frente. Os três conversam como se eu não estivesse ali. Não por me ignorarem, mas porque estão completamente descontraídos. Permaneço imóvel e tento fazer um ar inteligente. Descanso os braços no meu colo? Cruzo-os? Prendo o cabelo e coloco os óculos? Caramba, deixei-os em casa e pareço muito mais intelectual com eles. Para que vim eu de mini-saia? Ninguém de mini-saia parece inteligente, que tiro ao lado.  

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Não gosto nada de dias especiais

e certamente não preciso de um Dia dos Namorados para dizer o que sinto, mas pronto, meu garanhãozinho, sabes que bates forte cá dentro.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Filha poliglota

A ver o programa Vale Tudo:

Filha - Ó mãe, porque é que a Rita Ferro Rodrigues tem uma camisola a dizer moi (de moer)?
Eu - ...

...


...


...



...


...

Conclusão: tenho de a pôr no francês.

Ok, a perna é jeitosa, mas é preciso isto?


Ah e tal, enquanto a Adele discursa eu finjo que estou a ouvir atentamente quando na verdade estou apenas concentrada em pôr o pernil de fora e fazer força para que pareça que tenho mais músculo do que na realidade tenho.
Por ti carrego o mundo às costas, viro a minha vida do avesso, mudo sistemas e corto com preconceitos, com inércias.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Uma semana a tentar resolver os problemas na turma da minha filha. Uma semana com direito a enxaqueca, a discussões com professores, com directores da escola. Uma semana frustrante, vazia em soluções, desesperante. Educar é difícil, quando não se conta com a colaboração do sistema educativo torna-se uma tarefa ingrata.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Amigo

Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».

«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!

«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.

«Amigo» é a solidão derrotada!

«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'


Estou a calmantes

A minha filha vai a Lisboa amanhã com a escola. 300 quilómetros de viagem para lá, 300 para cá, mais não sei quantas horas com centenas de outras crianças. É duro, digo-vos, é duro.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Quando escrevi que tirar sisos era para meninos, que eu é que era forte e a mim nada me pegava, fui uma idiota. Os pontos ou a gengiva ou o raio que o parta infeccionou, não como, não durmo, não bebo, não tomo café, não falo, não dou beijos e nem outras coisas boas senhores. Mas, mesmo assim, mantenho a minha versão: sou forte pa xuxú. A minha tolerância à dor é grande. Acho que é consequência de 22 anos de enxaquecas fortíssimas, com vómitos e outras coisas interessantes, em que muitas vezes quase desmaiei de dor. Depois de conhecer este tipo de dor, cortar dedos, infecções nos dentes, rachar a cabeça, tendinites e estiramentos de ligamentos são coisas que não me atrapalham muito. Aliás, sempre que algo me acontece, a minha única preocupação é que não tenha como resultado uma enxaqueca. Mas, pronto, já dava jeito comer qualquer coisinha, sabes Jesus? Eu até gosto de bananas com iogurte, mas comer só isto o dia inteiro assim que enerva uma pessoa.

 

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A discussão não é entre chamar preto ou negro. O homem chamou-lhe "escurinho". E convenhamos, é mau.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Eu só queria isto...




E afinal o que ganhei foi isto...

Eu só queria fazer um branqueamento... Desculpa lá, ó karma, por ser vaidosa. 150 euros depois, menos dois sisos e pontos para escambal dentro da boca, continuo sem os dentes branquinhos como os dos actores brasileiros. Destartarização, raio x... Ó senhora dentista, hellooooo, eu só quero pôr os dentes brancos, não quero saber se tenho um siso inflamado. Podia ter dito isto, deveria ter dito isto. Mas não, dona Bolachas, ai já que aqui vim faço essas correcções. Agora aguenta. Ai Jesus, pontos dentro da boca. Não dormi nada com dores, daquelas que enervam e apetece andar à pancada. Bolachas, agora só pode comer coisas moles e frias. Moles e frias? Moles e frias?
Mas eu só queria fazer um branqueamento...

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Pingo. Tosse. Dor de gengiva, algo inédito. Frio. Chuva. Compras feitas. Polvo. Um puto d'um polvo vinte euros. Já não é possível comer polvo nesta terra. Lulas. Frango. Tenho sempre planos para fazer bolos e quiches e empadas e empadinhas e depois alapo-me no sofá por volta das 14h30 de sábado e só saio de lá às 23h30 de domingo. Xi, esqueci-me da Coca-Cola. Porra.
  

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Não preciso de me zangar com alguém para sentir a sua falta. Sempre achei uma idiotice aquele lugar comum "só vemos o quanto gostamos de uma pessoa quando a perdemos". Eu sei de quem gosto, o quanto gosto e, se só dou conta da importância de alguém na minha vida quando cortei qualquer laço com essa pessoa, então é porque sou parva. Tampouco acredito naquele velho mito "posso não falar com aquela pessoa há dez anos, mas sei que é minha amiga". Na amizade, como no amor, é preciso estar, falar, tocar, olhar. Quando se gosta, sente-se falta. Se não tenho cinco minutos para te telefonar, se não tenho meia hora para tomar café, uma hora para almoçar ou a noite inteira para conversar contigo é porque não quero. Se eu gostar de ti, vou estar contigo. Quero saber como estás, quero rir-me contigo, chorar contigo. E tu, se gostares de mim, vais querer estar comigo. Na amizade, como no amor, levo tudo muito a sério. Talvez seja por isso que tenha tido, ao longo da vida, poucos amigos e namorados.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Ontem tirei um siso. Diziam-me que seria horrível, que me ia doer, que alguém emagreceu dez quilos depois de arrancar o dente e piu piu piu, lai lai lai. Não me doeu absolutamente nada. A "operação" deve ter demorado uns três minutos e quinze depois estava a comer uma nata. Acho que, de todos os meus inúmeros atributos, aquele que me causa mais orgulho é a minha não pieguice. Considero-me uma mulher forte. Já rachei a cabeça, já cortei um dedo, já fui operada a esse mesmo dedo, já fiz uma cesariana, já caí dezenas de vezes, já dei injecções a mim própria. Em todas estas situações - e mais algumas - não verti uma lágrima, não me queixei. Sou a pessoa mais preguiçosa e mimalha do mundo, mas quando preciso ficar quieta por motivos de saúde, tenho vontade de fazer tudo, mostrar que não preciso da ajuda de ninguém. Esta característica tem crescido ao longo dos últimos anos. Digamos que, em termos de não pieguice, eu estou no Pólo Norte e a minha filha está no Pólo Sul. E parece que, quanto mais eu tento mostrar-lhe que, quando há alguma coisa a fazer - seja tomar um comprimido, seja levar uma vacina, seja fazer análises - o melhor é fazer logo de uma vez para acabar rapidamente com o suposto sofrimento, mais ela fica piegas. Com oito anos pesava 25 quilos, acho que isto diz muito acerca da sua massa corporal, e eu e dois enfermeiros não a conseguíamos segurar para colocar-lhe soro. Teve que vir também o médico, que a segurou nas pernas, para que um dos enfermeiros conseguisse enfiar-lhe a agulha. Qual a minha atitude quando estas situações acontecem e ela grita a plenos pulmões no meio das urgências que se eu deixar que lhe enfiem a agulha eu deixo de ser mãe dela e que nunca mais fala para mim? Muito simples. Mando-a calar, digo-lhe que tem de ser para o bem dela e seguro-a forte nos braços. No meio da crise mantenho a calma. Alguém tem de o fazer. O meu marido derrete-se todo e, por ele, sairíamos do hospital sem enfiar a porcaria da agulha, afinal se calhar nem é preciso, coitadinha, já está melhor, vês. Ser a má da fita é, nestes casos, ser a boa da fita. Pois se não faço "aquela" cara, que eles tão bem conhecem e respeitam, ela continuaria a jorrar sangue novamente até casa, como daquela vez que se cortou e precisou levar pontos. No meio da crise, a calma. No dia seguinte, a enxaqueca.    

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Si prepari porqui hoji eu vô lhi usá.

Resposta: ma homi, lá im casa quem manda sô eu. Ôxi!


Vantagens de estudar com a filha de doze anos: começar a acertar em mais perguntas na aplicação "Quem quer ser rico?".

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O meu colega da frente tem as unhas muito sujas. Consigo vê-las perfeitamente enquanto trabalho. Estão pretas. Não há coisa mais nojenta que um homem com unhas sujas. E o computador dele tem pêlos. Tive de ir escrever um texto para lá e no i e no m estavam dois pintelhos. Ora, ele ali ao lado, não tive coragem para soprar o teclado. Vai daí e escrevo com aquilo lá. Como se não estivesse nada e eu fosse completamente cega, porque eram dois pêlos enormes. E é isto.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Claudinha Vieira...

... Já não quero ser como tu. Quero ser como estas meninas.

Pergunta para queijinho

Se acabarem com a ADSE vão devolver o dinheiro que os funcionários públicos descontaram durante décadas e que nunca dele usufruíram?

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Color run

Quem é que paga 15 euros para entrar numa corrida onde lhe vão atirar pós coloridos e sair de lá toda cagada? Pelos vistos, muita gente. E eu também. Se alguém me atira esta porcaria para os olhos...

Não tenho absolutamente nada de interessante para dizer. Estou mal disposta. Da cabeça, não do corpo. Nem é mal disposta. É assim uaréber, como diz a Fanny. A precisar de um mimo, talvez. Eu sou muito mimada. Muito mesmo. Tenho de deixar de ser. Ou não. Uaréber.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Sim, diz

O impossível de antes sempre foi possível, apenas não tinha acontecido que alguém tivesse sido capaz de chegar até ele. Faltava a quantidade de pessoas que acreditaram, que perseguiram o filão até o demonstrarem e construírem. O mesmo acontece com o impossível de agora. O impossível de agora não deve ser muito diferente do impossível de antes. Por sua vez, o impossível mesmo impossível existia num e continua a existir no outro, mas como não pode ser distinguido do impossível que será possível no futuro, a hipótese mais criadora, aquela que propõe mais esperança é a que considera que tudo o que formos capazes de imaginar poderá ser materializado. Ou seja, todo o impossível poderá vir a ser possível. Assim, não há nenhum motivo para fazer cara de peido e dizer: não, acho que não vai correr bem. Em primeiro lugar, porque a imaginação expande o mundo, ou expande aquilo que somos capazes de ver nele, o que é a mesma coisa. Em segundo lugar porque é muito provável que o "correr mal" deles seja o nosso "correr bem".

José Luís Peixoto

Eu percebi bem?


O José Luís Peixoto diz "cara de peido"?
Fui mãe aos vinte anos. Engravidei no segundo ano da faculdade. Eu estudava numa cidade diferente, tinha amigos novos e os meus pais, finalmente, tinham começado a deixar-me sair à noite. A vida corria-me bem. Não, não fui nenhuma menina rebelde que, assim que alcançou um pouco de liberdade, desatou a esfregar-se em tudo o que era rapaz e a apanhar grandes bebedeiras. Nada disso. Tive dois namorados, um dos quais o meu marido, e as tão famosas "curtes" do meu tempo não eram para mim. Sempre fui muito ajuízada, excepto uma vez. Engravidei e, a partir desse momento, acabaram as saídas à noite, os jantares, o cinema, os concertos, os amigos. Sem nada em comum com os rapazes e raparigas de vinte anos, que não sabiam quais as melhores fraldas, o melhor leite em pó, que não se levantavam dez vezes de noite e, principalmente, eram livres para serem irresponsáveis, tal como a idade assim o permite, vivi alguns anos isolada emocionalmente, com um amor gigantesco pela minha filha e nem por um segundo arrependida de a ter tido. Posso dizer, e digo-o com muito orgulho, que assumi em pleno as minhas responsabilidades de mãe. Não a deixava com os meus pais por nada, custava-me horrores afastar-me para ir fazer os exames à faculdade e, aos vinte anos, era uma mulher de trinta.
E agora, nos trintas, sinto-me uma menina de vinte. A minha filha está linda, é feliz, está a entrar na adolescência e na fase da parvalheira. Gostamos das mesmas roupas, das mesmas lojas, das mesmas músicas, dos mesmos programas de televisão. Não somos amigas, que nunca acreditei nessa história. Somos mãe e filha, mas com mais coisas em comum do que, penso eu, a maior parte das mães e das filhas. Sou casada, mas o nosso relacionamento de dez anos é o de dois namorados, sempre aos beijinhos, abraços, telefonemas e mensagens. Os três fazemos uma família bonita e somos todos apaixonados uns pelos outros.
Talvez por ter invertido as fases na vida de uma mulher, o meu relógio biológico tenha empancado. Sei o que é ser mãe de um recém-nascido. Não é pêra doce. Ele (o relógio) tem um ano para dar o ar da sua graça. Vamos ver se resolve aparecer.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Adiei para exactamente daqui a um ano a decisão de voltar a ser mãe. E esta foi, sem dúvidas, a decisão mais acertada.

Sou um iogurte

Hoje sinto-me um iogurte, com prazo de validade.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Ter ou não ter. A questão.

Até amanhã tenho de decidir se quero ter mais um filho ou não. Assim. Sem rodeios. Sem tempo.

Ter mais um filho significa deixar de:
1. Dormir a noite inteira
2. Proporcionar à minha filha o nível de vida que agora sou capaz
3. Ter o nível de vida que agora tenho para pagar roupas, infantário, pediatras, etc.
4. Namorar quando me apetece e estar sempre com vontade de o fazer porque durmo a noite inteira
5. Receber amigos em casa até às 4h00 e acordar ao meio-dia porque a minha filha também já acompanha as jantaradas
6. Fazer ginástica 2 horas por dia, cinco vezes por semana (e não é pela ginástica. Isto é o meu cigarro, o meu café, a minha necessidade diária)
7. Estar quase tão boa como a Cláudia Vieira e deitar tudo a perder e ficar com as mamas ainda mais caídas e com a barriga mole por esticá-la pela segunda vez
8. Fazer uma refeição sentada do início ao fim
9. Ver um filme do início ao fim
10. Ter a minha filha como centro de todas as atenções e dividir o meu tempo com um bebé
11. Ter esta vida que me completa e faz tão feliz para ter outra que desconheço

Mas ter mais um filho também significa:
1. Sentir outro amor sem comparação, desmesurado
2. Dar um irmão à minha filha

Há quem diga que a felicidade não existe, é feita de momentos. Eu tenho a sorte de poder contrariar. Durante muitos e muitos anos não fui feliz. Fui uma criança velha, emocionalmente tive de crescer depressa, fui mãe ainda adolescente e a fase que dizem ser a melhor da vida de uma pessoa passei-a a trocar fraldas. Comecei a ser feliz há alguns anos, quando casei e descobri que o meu marido era excepcional, que tinha, finalmente, a família que sempre desejei, que com o meu marido poderia proporcionar à minha filha a infância que eu não tive. Sou feliz todos os dias. Na minha vida, a infelicidade é que é feita de momentos. Rapidamente passam para dar lugar a um coração sossegado, mas em rebuliço com o amor que sinto pelo meu marido e pela minha filha. Será que eu quero mudar a minha vida?
O Balas e Bolinhos 3 não tem graça nenhuma.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A acordar devagarinho com esta música. Bom dia 2013.

 
 
I've been trying to do it right
I've been living a lonely life
I've been sleeping here instead
I've been sleeping in my bed
I've been sleeping in my bed
 
So show me family
All the blood that I will bleed
I don't know where I belong
I don't know where I went wrong
But I can write a song
 
I belong with you, you belong with me
You're my sweetheart
 
I belong with you, you belong with me
You're my sweetheart
 
I don't think you're right for him
Think of what it might have been if we
Took a bus to chinatown
I'd be standin on canal and bowery
And she'd be standing next to me
 
I belong with you, you belong with me
You're my sweetheart
 
I belong with you, you belong with me
You're my sweetheart
 
Love we need it now
Let's hope for some
Cause oh, we're bleeding out
 
I belong with you, you belong with me
You're my sweetheart
 
I belong with you, you belong with me
You're my sweetheart

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Os dias foram de descanso, de abraços, de muitos beijos, de gargalhadas, de amor. Cinema, cachorrinhos no Gazela, tapas em Vigo, tardes a dormir e namorar, almoços e jantares preparados com carinho. Mentalizo-me, neste momento, que amanhã será dia de trabalho, de voltar às rotinas, de acordar cedo e afastar-me dos meus dois grandes amores. Já sinto saudades.