quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Man up

Quando eu era criança dizia que ia casar com um destes dois Bruces:



Homens aparentemente rudes, mas capazes de chorar, morenos, com a barba por fazer, sem se interessarem se o cabelo estaria milimetricamente penteado ou se a camisa combinaria com as calças, braços fortes, cigarro num canto da boca, voz grave e assertiva.
Quando me apaixonei, percebi que a minha idealização de marido estava errada. Ou, pelo menos, errada para mim. O meu de rude não tem nada, esbanja simpatia e boa educação, a barba de três dias corresponde, tem a pele muito sensível e fazê-la provoca-lhe espinhas, quando está a conduzir olha para o retrovisor vezes sem conta e penteia o cabelo com os dedos, veste-se muito melhor do que eu, é muito mais magro do que eu, por isso, também lá se vai a teoria dos braços fortes, não fuma e a sua voz é meiga e ponderada. Mas, apesar de nada corresponder ao idealizado por mim quando era criança, a verdade é que gosto, e muito, dele assim.
Senão, imaginemos: chegamos a casa e o Bruce Springsteen está à nossa espera para fazermos o jantar. Nós estamos cansadas, mas lembrem-se, ele é rude, e não se interessa por esse facto. A barba chega-lhe aos ombros e a água também não deve ser a sua melhor amiga, as pulgas saltitam alegremente entre os pelos e não cheira a perfume. O Willis nem cabelo tem para afagarmos e os cafunés que gostamos de fazer estão fora de questão. Levá-lo a um jantar da empresa também seria difícil, ele apareceria de manga cava e descalço e ficaríamos embaraçadas. O cheiro a fumo não me agrada, detesto até. E quanto à voz grave e assertiva, bem, isso até nem me importaria, mas o meu escolhido até consegue quando quer. Rrrrruau! (isto seria um leão a rugir)
Homens e mulheres idealizam os seus pares perfeitos e, muitas vezes, privam-se de conhecer melhor pessoas que não encaixam no padrão. Ainda bem que dei-me uma oportunidade ao falar com um loiro, de olhos azuis, solário feito, camisa da marca whatever e sapatos de vela. Teria perdido uma vida inteira de felicidade.

PS - Querido, também não é preciso exagerar. O Alfaiate Lisboeta não é o melhor blog português.    

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