quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Houve alguém que escreveu “não há amigos, apenas momentos de amizade”. Bem, se isto é verdade, com vocês, já vivi muitos momentos de amizade. Já nos rimos quase até chorar, já conversámos horas a fio, já nos abraçámos com vontade, já partilhámos amaciadores e escovas para o cabelo, já emprestámos toalhas, já saímos das aulas mais cedo para fazer companhia a alguém que precisava, já fomos testemunhas de uma enternecedora história de amor, já suámos, já ficámos felizes uns pelos outros, já nos sentimos tristes quando o outro está triste, já fizemos surpresas, já sentimos saudades, já dissemos disparates, já acordámos muito cedo para estarmos juntos. Tenho a certeza que, se tudo mudasse, eu mudaria. Sem a vossa presença, sem a vossa companhia, sem estes momentos, a minha vida seria muito menos feliz. Continuaria a beijar o grande amor da minha vida, mas não ouviria as vossas piadas, continuaria a abraçar a minha pequenina, mas não teria os vossos olhares que dizem tudo, continuaria a comer bôlas de carne, mas nenhuma tão saborosa como a que tu fazes, Helena, continuaria a receber prendas, mas nenhuma me emocionaria como a que me ofereceste, Fernando, continuaria a receber telefonemas, mas nenhum que me obrigue a falar em francês e que me arranque gargalhadas só por ouvir alôôô, Gi, continuaria a divertir-me, mas não seria tão criança como sou quando estou contigo, Ana.       

Não. Não são só momentos de amizade.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Ora relembrem-me porque o Natal é bom

Eu detesto dias especiais. O Natal e a Passagem de Ano estão no topo da lista. Com a proximidade destas duas datas, a minha colega de trabalho está infeliz porque o marido recusa-se a separar-se dos pais e há anos que não passa o Natal com a família dela, uma amiga descobriu que o marido teve uma amante durante dois anos e vai passar o Natal com ele porque não sabe se o perdoa ou não, outra amiga está triste porque não se dá bem com a nora e vai passar o Natal separada do filho e dos netos, uma outra amiga estará sozinha com os avós porque o resto da família está em França. Natal? Não gosto. 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Sabes que és viciada em fazer desporto quando sabes que vais estar dez dias sem praticar e, para compensar, na semana anterior, fazes três horas por dia e anseias que passe o Natal e a Passagem de Ano para dares cabo de todas as asneiras que vais cometer.

Todos os homens traem?

É mesmo verdade o que se diz e, a certa altura, todos os homens serão infiéis? É certamente um pré-conceito, mas há homens que, quando descobrimos que traem, não nos admiramos, afinal tinha todo o perfil, pensamos. O pior é quando aquele marido carinhoso, bem-disposto, presente e que nem aos 30 anos chegou confessa que tem uma amante há quase quatro anos. Mas, afinal, os homens que traem não têm todos um perfil de engatatão? Não é comum a todos aquele ar duvidoso, que as mulheres conhecem, de eu chamava-te um figo quando olham para nós? Os maridos que fazem as suas esposas felizes também são capazes de manter uma vida dupla. Quem diria...
Numa noite de quinta-feira, uma mulher espera o seu marido para jantar, uma noite como tantas outras, e recebe um telefonema, temos que conversar. Um dia que vira a vida de alguém do avesso, com vontade de perdoar e esquecer, mas sem saber se consegue, se quer, se pode, se deve. Não, não estou a falar de mim. E embora a compaixão por esta mulher seja imensa, confesso o meu alívio, não, não sou eu, não me está a acontecer a mim, ainda sou feliz.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Estou com uma fome desgraçada. Sem vontade de trabalhar. Muita vontade de dormir. Mas não em qualquer lado. No teu peito. Apetece-me um leite achocolatado. Não posso. Faz-me mal. Bolas. Há meses que não bebo um. Acho que estou com o cabelo oleoso. Espero que não se note. É melhor prendê-lo. Fónix. Não tenho elásticos. Tenho sede. O bar só abre às 16h00. Mas tenho sede. Vou lá fora comprar água. Está a chover a potes. É melhor ficar com sede até às 16h00. Está muito silêncio no meu gabinete. Vou ouvir música enquanto escrevo. Tanta escolha. Vou começar por esta.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A vida dá trabalho. Somos mães, pais, filhos, esposas, maridos, amigos, profissionais. Tudo isto requer tempo e atenção. No meio de tanta azáfama há opções a tomar, prioridades a definir. Sempre tive plena consciência que a minha personagem principal é ser mãe. Dar colo, beijinhos, ralhetes, castigos, conversar, cozinhar, tratar, mimar, educar. A par de ser mãe, está o papel de mulher. Neste momento, ser boa mãe é também dar muito amor e atenção ao meu marido, para que a família, e a minha filha, continue feliz. Cada um terá as suas escolhas e penso que não há nenhuma certa. Mas, quando trocam as minhas prioridades, fico verdadeiramente fula.  

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Sabes que és amada quando as tuas pessoas se oferecem para te acompanhar nos trabalhos que terás de fazer no próximo ano, sabendo que serão horas completamente, totalmente, megamente, idiotamente entediantes.
A sexta-feira não foi para namorar, foi para trabalhar. É realmente abençoado quem diz que faz o que gosta e que, na hora de deixar a família numa sexta à noite para trabalhar, vai satisfeito. Não é o meu caso. Ao longo de um ano vou fazer uma coisa que não gosto, não acredito e que sempre critiquei. Mas, não tendo ganho o Euromilhões, terei que deixar a minha família, o meu ninho, e aturar politiquices baratas.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A única coisa boa que o frio traz é aquele abraço à noite, pele com pele que não gostamos de pijamas a interromper o toque, os cobertores por cima da cabeça, as gargalhadas de felicidade, uma sensação de calor quando enfrentamos 2 graus de temperatura.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

E só porque hoje estou feliz

Peguem lá uma música bonita que só ela.

O poste

O poste continua lá. É curioso como um poste de electricidade marcou o rumo da minha vida por duas vezes. Com quinze anos, o que sabia eu da vida? Apenas que estava apaixonada por ti. Que, por mais anos que passassem, eu continuaria apaixonada. Isso eu sabia. Levavas-me a casa e paramos naquele poste. Gostas de mim?, perguntaste. Sem coragem de dizer que sim, claro que gostava, gostava muito, devolvi-te a pergunta, e tu? Gostas de mim? Propuseste que escrevessemos num papel a resposta. Respirei fundo e escrevi sim. Fechei os olhos, coração acelerado, pedi muito, mas abri o teu papel e lá estava a palavra que mais me custou ler até hoje, não. Os nossos mundos separaram-se, mas eu continuei sempre apaixonada. E continuei, e continuei, e continuei... Treze anos depois, naquele poste, outro papel, queres casar comigo? A resposta, essa, continuava a mesma, sim, quero, quero muito.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Eu - Gostas desta camisola para ti?
Filha - (a passar a mão na camisola) Ó mãe, sabes que não gosto muito disto aqui.
Eu - Mas, disto o quê?
Filha - De lã.

A minha filha é, oficialmente, a pessoa mais calorenta que existe.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012


Não aguento mais. 11h45 e três pães no bucho.

Viver comigo é uma grande trabalheira. Trago gatos abandonados e pulguentos para casa, não pago multas que vão acumulando e acumulando, deixo roupa espalhada pelo sofá, botas no chão e jazem garrafas de água no carro. É preciso uma grande dose de paciência para aturar as minhas irresponsabilidades e tontices. Na verdade, eu sou muito preguiçosa e o lema amanhã eu faço já faz, há muito, parte da minha vida. Eu sou como aquela mulher muito gorda que decide emagrecer e que coloca na mesinha-de-cabeceira um papel a dizer amanhã começo a dieta. O amanhã chega, ela olha para o papel e pensa, pois é, amanhã. E enquanto o amanhã não chega, nunca chega, ela vai comendo, comendo e engordando, engordando. Bem, talvez eu esteja a engordar as minhas pessoas. A engordar a sua paciência. A minha filha manda-me sms para eu não me esquecer das coisas e o meu marido arruma os meus pensos higiénicos. Pois, eu sei, não é bom. E como não há contratos de promessa de responsabilidade/arrumação, servirá o Barriga de Bolacha para assinalar o fim de tantos anos de infantilidade.

Assim, eu, Bolachas, prometo arrumar toda a roupa que desarrumar, todas as botas que calçar, toda a loiça que sujar. Prometo pagar todas as scuts que passar, todas as multas que apanhar.

30 de Novembro de 2012

Assinatura

Bolachas

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A Felicidade vem da Monotonia

Em sua essência a vida é monótona. A felicidade consiste pois numa adaptação razoavelmente exacta à monotonia da vida. Tornarmo-nos monótonos é tornarmo-nos iguais à vida; é, em suma, viver plenamente. E viver plenamente é ser feliz.
Os ilógicos doentes riem - de mau grado, no fundo - da felicidade burguesa, da monotonia da vida do burguês que vive em regularidade quotidiana e, da mulher dele que se entretém no arranjo da casa e se distrai nas minúcias de cuidar dos filhos e fala dos vizinhos e dos conhecidos. Isto, porém, é que é a felicidade.
Parece, a princípio, que as cousas novas é que devem dar prazer ao espírito; mas as cousas novas são poucas e cada uma delas é nova só uma vez. Depois, a sensibilidade é limitada, e não vibra indefinidamente. Um excesso de cousas novas acabará por cansar, porque não há sensibilidade para acompanhar os estímulos dela.
Conformar-se com a monotonia é achar tudo novo sempre. A visão burguesa da vida é a visão científica; porque, com efeito, tudo é sempre novo, e antes de este hoje nunca houve este hoje.
É claro que ele não diria nada disto. Às minhas observações, limita-se a sorrir; e é o seu sorriso que me traz, pormenorizadas, as considerações que deixo escritas, por meditação dos pósteros.

Fernando Pessoa, in 'Reflexões Pessoais'


quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Claudinha, podes dizer-me como fazes para não espancar toda a gente, não passar o dia a dizer palavrões e como consegues não devorar a comida quando ela te aparece à frente, tão rápido que até ficas mal disposta? É que tenho tentado não comer pão, batatas e arroz, sabes, para ver se fico com a barriga e os braços parecidos com os teus, como tu fazes questão de esfregar na nossa cara em anúncios e participações naquele programa horroroso, o Gosto Disto, e pareço uma bomba relógio.
 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Voltei

Devagarinho, voltamos a nós. As gargalhadas voltam a soltar-se, leves, felizes. Voltamos a queixar-nos do frio, da chuva, da falta de lugares para estacionar o carro. A comida volta a ter sabor. Os beijos voltam a adoçar as noites. A roupa volta a ser colorida. O trabalho volta a fazer sentido. Voltamos a comportar-nos como as duas criançolas que somos. 
É bom estar de volta.


Ricardo, conheces a minha filha?


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Coisas que gosto e não gosto que vou dizer quando o Daniel Oliveira me entrevistar # 11

Gosto de surpresas boas, daquelas que me deixam com um sorriso sincero e largo nos lábios e que duram, assim o espero, toda a vida.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Para ti


Olha lá,
Já se passaram alguns anos
Nem sequer vinhas nos meus planos
Saiste-me a sorte grande
E eu cá vou
Gozando os louros deste achado
Contigo de braço dado para todo o lado
Eu vou até morrer ser teu se me quiseres
Agarrado a ti vou sem hesitar
E se o chão desabar que nos leve aos dois
Vou agarrado a ti
Meu amor na roda da lotaria
Que é coisa escorregadia
Saiste-me a sorte grande
E eu cá vou
À minha sorte abandonado
Contigo de braço dado para todo o lado
Eu vou até morrer ser teu se me quiseres
Agarrado a ti vou sem hesitar
E se o chão desabar que nos leve aos dois
Vou agarrado a ti
Olha lá,
Por mais que passem os anos
Por menos que eu faça planos
Sais me sempre a sorte grande
Agarrado a ti vou sem hesitar
E se o chão desabar que nos leve aos dois
Vou agarrado a ti
vou sem hesitar
E se o chão desabar que nos leve aos dois
Vou agarrado a ti
Vou agarrado a ti
Vou agarrado a ti

Um homem também chora

Eu poderia escrever um texto com palavras bonitas, suaves, mostrando a emotividade que está a transbordar a minha alma. Mas não o vou fazer. Estou indignada com a vida, com o destino, com o que preferirem chamar, e não são palavras bonitas que me apetecem dizer ou escrever. Uma semana depois de enterrar a mãe do meu pai, volto a estar num funeral. O sobrinho do meu sogro e primo do amor da minha vida foi vencido por aquela doença que, quando se morre dela, se diz ser prolongada.
Vejo o meu sogro, um segundo pai para mim, e não, não são só palavras de circunstância, pela primeira vez a chorar. Vejo o amor da minha vida, a minha pessoa, o meu amigo, a confortá-lo num gesto quase desajeitado de quem não está habituado a mimar o pai. Os nossos corações apertam-se, mas as lágrimas são contidas. Tanto eu como o meu marido partilhamos da convicção que as emoções são mostradas um ao outro, sem mais espectadores. Mais à noite vou buscar a minha filha e ela pede-me para pôr a sua música preferida. Acedo. Ai, ai, ai, assim você mata o papai. Ironia do destino. O que fazer. Rio-me com o sentido de humor de Deus, seco as lágrimas que escorreram teimosamente, puro cansaço emocional, e canto com ela:
Vem cá mulher,
Vem cá,dançar,
Comigo agarradinho, vem cá que você vai gostar!
Ah, vai! Isso, assim, vem pra mim
Que delicia, tá gostoso demais
Isso não vai prestar
Beija minha boca

 
Marido, sogrão, bola para a frente que atrás vem gente. Vamos fazer um manguito à morte, que tem visitado as nossas famílias, e cantar com a nossa pequena:
Ai, ai! Ai ai ai ai! Assim você mata o papai
Ai, ai! Ai ai! Que boca gostosa eu quero mais
Ai, ai! Ai ai ai ai! Assim você mata o papai
Ai, ai! Ai ai! Você tá cheirosa demais

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Estou a pensar nisto

"Do rio que tudo arrasta se diz que é violento, mas ninguém diz violentas as margens que o oprimem."
Brecht

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Hoje deu-me para comer isto # 11


Francesinha especial. Não seria nada de mais se não tivesse sido eu a fazê-la. Pois é, salivem-se.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Um homem não chora

A igreja está cheia. Amigos abraçam o meu pai e dizem os meus sentimentos. Ele sorri como quem pede para não o abraçarem, não o mimarem, está tudo bem, obrigado. Depois da missa, a despedida. O meu pai aproxima-se, beija a mãe, rápida e friamente, e retorna ao seu lugar. Alguém lhe pergunta posso fechar, sim, pode. Caminhamos até ao cemítério, um cortejo silencioso, dolorosamente silencioso. Os carros vão parando, não há sons de buzinas e nem de conversas no meio da rua. Todos se calam em sinal de respeito e curiosidade em ver quem está, se sofrem, se choram. Vou olhando para o meu pai, que caminha firmemente atrás do carro funerário, e pensando que em 32 anos nunca o vi chorar. Muito antes do meu marido e da minha filha, era ele o amor da minha vida, um pilar, uma segurança, uma força, um colo. Ao contrário da minha mãe, com quem tantas e tantas vezes inverti e inverto os papéis, o meu pai sempre foi um pai, na maior amplitude que esta palavra pode ter. Sempre foi ele o que cuida e nunca inspirou cuidados. Por isso, esta fragilidade era nova para mim, mas também era nova para ele. Enterramos a mãe do meu pai, voltamos a pé para a igreja e vamos tomar um café, só os dois. Encontramos duas alunas antigas que me dizem o seu pai é o máximo. Pois é.  

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Não ver além do óbvio, por incapacidade ou conveniência, é de uma insensibilidade acutilante.
Uma breve pausa no meu descanso mental só para lembrar o quão conveniente é para os governantes só se estar a falar sobre os episódios de violência e não sobre a greve em si. As televisões, os jornais e as rádios vão na cantiga e o Passos ri, o Relvas ri, o Macedo ri, enquanto o povo fica mal`.
Agora vou continuar a hibernar até segunda-feira, mais coisa, menos coisa.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Conheci muito pouco de ti. Sei que o teu prato preferido era bife com batatas fritas, gostavas de vinho tinto, só andavas de saia, sentavas-te sempre na ponta do sofá, quase a cair, enquanto assistias à Fátima Lopes pensando que vias a Júlia Pinheiro. Lembro-me das Páscoas, sempre na tua casa, com ovos cozidos que o meu irmão fazia questão de partir na minha cabeça, azeitonas e salpicão. Pensar que era muito injusto as minhas primas e o meu irmão receberem os mesmos chocolates quando eu, além de neta, era também afilhada. Os gatos, às dezenas, que alimentavas todos os dias no quintal. Não eras uma mãe meiga e presente e, certamente, também não foste uma avó dedicada, daquelas que sentam os netos no colo, os convidam para almoçar e dão beijos remelados nas bochechas. A única herança que me deixas é o vício pelas bolachas. Em todas as visitas ias à despensa e oferecias-me um pacote, às vezes às escondidas dos meus pais, que se zangavam por eu perder o apetite. Até ao último dia andaste com bolachas no avental, afirmando sempre que não era por comê-las todo o dia que estavas mais gorda.
Hoje desapareceste e deixas húmidos os olhos do meu pai. Nunca os tinha visto assim. E, por ele, ficam tristes os meus também.
A Morte Chega Cedo

A morte chega cedo,
Pois breve é toda vida
O instante é o arremedo
De uma coisa perdida.

O amor foi começado,
O ideal não acabou,
E quem tenha alcançado
Não sabe o que alcançou.

E tudo isto a morte
Risca por não estar certo
No caderno da sorte
Que Deus deixou aberto.

Fernando Pessoa, in 'Cancioneiro'


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Sim, eu tenho veneno dentro de mim




Socializar com ou sem filhos?

Ao combinar um jantar de Natal com amigos, colegas e conhecidos, alguém diz: "Ei, vão criancinhas? Não me digam uma coisa dessas". Entre outras barbaridades que para aqui não são chamadas, a pessoa alegava a bons pulmões que jantares com filhos eram uma seca e corriam sempre mal. Pouco me importa a opinião dessa pessoa e, depois de ouvir esta, muito menos, seja qual for o assunto. O que me traz aqui a esta hora é a questão: socializar com filhos ou sem filhos?
Eu gosto de estar com adultos. E gosto de estar com a minha filha. Gosto de estar só com adultos, gosto de estar só com a minha filha e gosto de juntar todos. Para mim, não faz qualquer sentido desmarcar-se um jantar só porque a avó afinal não pode ficar com a menina ou o menino naquela noite. Porque não trazes os teus filhos? Já fiz esta pergunta uma mão cheia de vezes. Até parece que as crianças são umas selvagens e completamente anti-sociais. As crianças são o reflexo da sua educação e o espelho do próprio comportamento dos pais. Não estou a dizer que não seja bom para os pais terem o seu momento, longe disso, mas esta forma de socializar que se instalou, tal clube do Bolinha, criança não entra, faz-me confusão.
Com família angolana, a minha filha está mais do que habituada a dormir em sofás alheios com casacos a tapar o frio, a dançar até às 3h da manhã, às vezes com amigos dos pais e dos avós já com um copo a mais, que a rodopiam pela sala, numa brincadeira saudável e que lhe arranca gargalhadas felizes. Porque a cultura da nossa família não exclui as crianças como se fossem ratos indesejáveis, por outro lado, inclui-as nas conversas e nas horas de lazer. A minha filha vai ao teatro, vai a concertos, vai onde eu tenho a possibilidade de a levar, porque ela não é uma coisa bonita para mostrar e depois mandar dormir. Estou a formar uma cidadã que só irá crescer socializando e, sim, socializando também com adultos.
Ah, e claro que a pessoas que despertou a minha cólera não tem filhos.    
Boa me...da.

Boa, professor Marcelo


sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A Bolachas também quer falar sobre a Isabel Jonet

Confesso que estou confusa, o que, convenhamos, raramente me acontece. Se, por um lado, concordo com isto - Como Isabel Jonet não é uma oradora talentosa nem tem um discurso cívico consistente, a coisa descambou para um conjunto de banalidades moralistas, pensava eu que inócuas, como por exemplo a condenação de idas a «concertos rock» e o facto de os seus filhos lavarem os dentes com a água a correr (bem como alguma coisa sobre Nestum - trazida ao debate por Ana Lourenço - que eu não percebi). O que se passou a seguir é para mim inexplicável. Caiu o Carmo e a Trindade sobre Isabel Jonet, e os acéfalos do costume lançaram-se em campanhas virtuais de «boicote» ao Banco Alimentar. Sim, porque Isabel Jonet é a presidente de uma das instituições que mais tem feito pelo auxílio dos pobres. - a verdade é que também concordo com isto - O Banco Alimentar é uma instituição louvável, sem dúvida. Mas se quem dá a cara por ela é alguém que considera não haver miséria em Portugal, que compara a pobreza das famílias portugueses aos maus hábitos dos seus filhos, alguém que repetiu uma vez mais o insulto de que os "portugueses andaram a viver acima das suas possibilidades", alguém que fala dos pobres como fala, então o Banco Alimentar precisa rapidamente de arranjar outra pessoa para aparecer em público.
Trocando por miúdos, não podemos ter memória de peixe e esquecer o trabalho desenvolvido pelo Banco Alimentar e pela sua presidente ao longo dos últimos anos, mas, também, se uma das mais relevantes instituições portuguesas tem como representante alguém que diz e pensa barbaridades em relação à situação vivida em Portugal, então essa pessoa tem de sair.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Não chores. Nem sempre a vida corre como nós desejamos e as mudanças, às vezes, são difíceis de aceitar, eu sei. Limpa as lágrimas, eu estou aqui, vou estar sempre.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Perguntam-me porque passo tantas horas no ginásio. A minha resposta vai dar a um lugar comum: trato do corpo mas, essencialmente, trato da mente. Naquele espaço e naquele tempo, eu sou apenas eu. Ninguém sabe que sou filha de uma mãe deprimida e de um pai de ideias fixas, irmã de um atleta calado, nora da melhor pessoa da cidade, mulher do homem com um sentido de humor mais apurado que o Ricardo Araújo Pereira, mãe da menina mais bonita e educada do mundo. Lá, ninguém conhece a minha história ou como fui lá parar. Quem gosta de mim, gosta sem ideias pré-concebidas. Quem não gosta, também. E, estranho, mas gosto de pessoas, mesmo muito, também sem conhecer as histórias delas. Calhou de encontrar num ginásio este espaço onde me expresso como indivíduo. Poderia ser noutro lugar qualquer. Mas, ainda bem que não foi. Pelo menos faço abdominais.

Coisas que gosto e não gosto que vou dizer quando o Daniel Oliveira me entrevistar # 10

Gosto quando me arrasto às 7h da manhã para a ginástica, sem vontade nenhuma, cabeça pesada, olhos apenas semi-abertos, cheia de frio, a pensar palavrões quanto baste e a dizer mal da Cláudinha, que de certeza que já acorda maravilhosa e não precisa de se exercitar àquela hora para não ter celulite, e encontro dois amigos, que há meses tento convencer a juntarem-se a mim naquela aula e sempre disseram que eu tinha um parafuso a menos. Gosto quando os amigos combinam fazer-me uma surpresa tão simples e que, ao mesmo tempo, me fez tão feliz.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Eu é que sou a prelesidente da junta

Nova reunião na escola da minha filha. Desta feita, com o director de turma e todos os outros professores (sou representante dos encarregados de educação. Sabemos que a turma é má quando o director de turma nos escolhe, a nós, que nunca somos escolhidas para nada porque temos 32 anos e uma filha de 12 e, mães invejosas, ainda por cima não aparentamos ter 32. 28 e olhe lá. De maneira que todas as mães, desde sempre, olham para nós de lado e acham-nos irresponsáveis prevaricadoras e porque estou a referir-me a mim própria no primeiro nome do plural?). Sinopse da reunião: professores desmotivadíssimos no que diz respeito às condições de trabalho que o governo impõe mas, mesmo assim, empenhados na educação dos seus alunos, um aluno foi parar ao hospital depois de um colega lhe ter pontapeado a cabeça, uma aluna foi retirada aos pais e vai mudar de cidade e de escola, quatro alunos estão a ser acompanhados pela psicóloga por se terem revelado agressivos. Tudo a correr dentro da normalidade, portanto.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Amiga perde namorado que diz estar confuso. Amiga suplica e chora baba e ranho para o namorado não terminar o namoro. O namorado termina o namoro. Amiga tem assuntos pendentes com o agora ex-namorado e combinam encontrar-se. Ex-namorado diz que continua confuso, diz que acha que se vai arrepender de ter terminado o namoro e pede um abraço. Amiga dá abraço. Depois do abraço o ex-namorado diz para não esperar por ele. Amiga diz-lhe que não vai esperar. Mas, nós sabemos, a amiga está à espera.
- MÃÃÃÃÃÃÃÃÃEEE, tirei 100% a físico-química.
- Uau, parabéns. Vou comprar-te um chocolate para comemorar.
- A sério? Então acho que vou tirar sempre 100%.

Comment? Mas afinal bastava eu prometer chocolates, cho-co-la-tes, para tirares boas notas?

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O pior, às vezes, revela-se o melhor

Reunião com director de turma da minha filha. Nada a declarar sobre o seu comportamento. Bem-educada, simpática, participativa, interessada. É a primeira vez que venho de uma reunião satisfeita. Até agora, os directores de turma da minha filha sempre se queixaram da sua distracção e de como esta a impedia de ser uma excelente aluna. No início do ano, fiquei preocupada quando soube que entre os colegas estariam ciganos e repetentes com fartura. É uma das piores turmas de 7º ano da escola. Eu sei, eu sei, já vou chegar lá. A minha filha pediu-me para confiar nela, que se ia portar bem, que não se ia deixar influenciar. Confiei. Os professores simpatizaram logo com ela e ela destaca-se entre os restantes pelo interesse que demonstra. Isso fez com que ela se sentisse mais empenhada em tirar boas notas e, contrariamente ao que eu tinha pensado, os testes nunca lhe correram tão bem como este ano. Ela sempre andou em turmas com excelentes alunos e eu pensava que era positivo ter como companhia crianças estudiosas e interessadas. Mas, a vida trocou-me as voltas e fez-me repensar nisto da educação e do que os pais pensam ser o melhor para os seus filhos. Os bons alunos desmotivavam a minha filha, insegura em relação às suas capacidades. Era apenas mais uma no meio de trinta. Ser considerada um exemplo, palavras do director de turma, tem-na motivado como nunca. Estuda sem ninguém a mandar, faz todos os trabalhos, participa e tira boas notas. Ao mesmo tempo, ficou amiga dos ciganos e dos repetentes, crianças com dificuldades de aprendizagem e necessidades especiais. Já assistiu a pancada e a marmelada da grossa entre eles. Sempre, acho eu, mantendo a meninice que tanto a caracteriza e crescendo.
Afastá-la de todos os supostos perigos não é o caminho correcto para um crescimento saudável. 

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Dia Nacional da Prevenção do Cancro da Mama

As minhas duas avós tiveram cancro da mama. Uma sobreviveu. Façam favor de apalpar, todos os meses, as vossas ditas cujas.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Obrigada...

 
 
 
... São João. Uma miúda gosta sempre destas coisas.  

Coisas que gosto e não gosto que vou dizer quando o Daniel Oliveira me entrevistar # 09

Gosto de segundas-feiras. De saber que tenho uma semana inteira à minha frente para fazer o que mais gosto e o que menos gosto mas que tenho que fazer na mesma de maneira que não vale a pena chorar.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Egoísta?

Um colega está, nos últimos dois anos, a passar a mensagem aos filhos que trabalhar fora do país é uma coisa fantástica para que, daqui a alguns anos, quando eles forem adultos, encarem essa possibilidade como normal e não sofram com o seu afastamento da família e do país. Porque em Portugal não vai haver lugar para eles. Porque lá fora é que se vai ganhar dinheiro. Porque aqui ninguém é reconhecido.
A minha filha estará no mercado de trabalho daqui a dez anos, mais coisa, menos coisa. Talvez eu esteja a ser uma péssima mãe, egoísta e irresponsável até, mas não consigo, não posso, não quero ensinar-lhe que este é o único caminho.     

Toca a mexer

O pior programa de televisão de sempre. Pior que a terceira edição da Casa dos Segredos, e se esta edição é má. A Bárbara Guimarães está no seu pior, sempre a fazer um papel de coitadinha - e que raio, quem escolhe a tua roupa, Bárbara - e isso também já era difícil, ter o Paulo Futre como júri é apenas mais uma das muitas humilhações a que sujeitam os concorrentes que, convenhamos, não dançam nada. É como assistir a um concurso de cantores onde todos cantam mal.
E pronto, é isto. Apeteceu-me dizer mal de alguma coisa.  

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Este blog é a minha cara. Está de bem com a vida, é apaixonado por ela e tanto é discreto como espalhafatoso. Assim sou eu. Tentei que o Barriga de Bolacha seguisse uma linha, mas o melhor blog snob-chic estava nas mãos d'O Pipoco mais Salgado, o melhor blog publicitário é com A Pipoca mais Doce, o melhor baby-blog é o Quadripolaridades (brincadeirinha Pólo Norte). Por isso, optei por escrever, de todas as vezes, consoante o meu estado de espírito, uma salganhada de temas e de tons. Já fui lamechas até mais não, já fui , já fui romântica, já mostrei o meu talento para o desenho, já partilhei as minhas teorias espectaculares. Há muitas personagens por trás dos blogs. Mas aqui não. Nem sempre a coisa corre bem e quando releio apetece-me mudar tudo. Mas, maridão e filha adorada, de cada vez que vejo os vossos sorrisos quando vos dedico um texto, por mais simples que seja, arrependo-me de não ter iniciado o Barriga de Bolacha há mais tempo.       

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Um conselho para quem está bem disposto hoje: não leia isto

O dia deu em chuvoso.
A manhã, contudo, esteve bastante azul.
O dia deu em chuvoso.
Desde manhã eu estava um pouco triste.

Antecipação! Tristeza? Coisa nenhuma?
Não sei: já ao acordar estava triste.
O dia deu em chuvoso.

Bem sei, a penumbra da chuva é elegante.
Bem sei: o sol oprime, por ser tão ordinário, um elegante.
Bem sei: ser susceptível às mudanças de luz não é elegante.
Mas quem disse ao sol ou aos outros que eu quero ser elegante?
Dêem-me o céu azul e o sol visível.
Névoa, chuvas, escuros — isso tenho eu em mim.

Hoje quero só sossego.
Até amaria o lar, desde que o não tivesse.
Chego a ter sono de vontade de ter sossego.
Não exageremos!
Tenho efetivamente sono, sem explicação.
O dia deu em chuvoso.

Carinhos? Afetos? São memórias...
É preciso ser-se criança para os ter...
Minha madrugada perdida, meu céu azul verdadeiro!
O dia deu em chuvoso.

Boca bonita da filha do caseiro,
Polpa de fruta de um coração por comer...
Quando foi isso? Não sei...
No azul da manhã...

O dia deu em chuvoso.

Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa


Não que vocês queiram saber disto para nada (pára Bolachas, os senhores não têm culpa), mas eu tenho mesmo bom feitio (não se está a notar nada Bolachas). Quando há discussões, zangas ou o caralho, sou sempre a boa da fita. Quando é com os outros vou lá pôr paninhos quentes, quando é comigo sou sempre eu a pedir desculpa, a fazer as pazes, mesmo quando a outra pessoa está a ser completamente imbecil (agora só tens o teu marido a ler Bolachas, todos os outros já estão noutros blogs). Estou sempre bem disposta. Ninguém tem que levar com a minha tensão pré-menstrual, saber se me zanguei com a filha, os pais ou o escambal. Mas detesto quando confundem o meu bom feitio com uma certa loirice (pronto, agora é que estragaste tudo) ou com um caga em mim que eu deixo. Está certo, a responsabilidade é minha. No cabeleireiro fazem-me a porcaria de um penteado todo mal amanhado, simpaticamente digo a medo ai, dona cabeleireira, acho que atrás não está muito bem, parece-me amarfanhado, eheheheh. E ela solta um Bolachas, depois de vestida e maquilhada vai ver que acha que está tudo bem. E lá venho eu com a porcaria do cabelo todo fodido, chego a casa e desfaço aquela trampa e faço sozinha. Cagada das grandes porque se tivesse que ser cabeleireira morria à fome. Na esteticista digo eu gosto das sobrancelhas a direito, não gosto daquelas com uma curva acentuada, por favor tire-me só o excesso.  A menina acaba de depilar, mostra-me um espelho e diz-me as suas sobrancelhas não tinham formato nenhum, estavam a direito, por isso fiz-lhe esta curvinha. Gosta? E o que aconteceu? Ah, estão muito bonitas, obrigada. O que queriam que dissesse? As putas das sobrancelhas já estavam arrancadas. Estou farta deste meu bom feitio e, como podem constatar se tiveram pachorra e coragem para ler este post até ao fim, estou a mudar.

Daquilo de nos importarmos um bocado, pá

Ao ver um dos separadores da Sic Notícias, aquele da senhora do 5 de Outubro, eu e o meu novo colega de trabalho tivemos o seguinte diálogo:

colega novo: O que é isto?
eu: É a senhora do 5 de Outubro.
colega novo: Mas é alguma performance teatral?
eu: Não, a senhora foi protestar.
colega novo: Fónix, um bocado dramática.
eu, já a fumegar: Hum, talvez a senhora e a sua família estejam a passar por dificuldades na sua vida à conta das medidas do governo e, não sei, talvez esteja a desesperar por quase não ter como se sustentar, estou só a arriscar uma hipótese.

Acrescento que o meu colega tem 32 anos. Enquanto não nos importarmos com esta merda, não estivermos informados para, pelo menos, na hora de votar o fazermos conscientemente, enquanto continuarmos nesta passividade de pensamento, a fingirmos que ainda somos uns adolescentes irreverentes, a mandar postas de pescada sem ver nada, ouvir nada, ler nada, reclamarmos no café sobre a arbitragem que fez o benfica perder outra vez, então estamos a assinar por baixo a certidão de óbito que este governo quer dar ao nosso país. Pelo menos, é o meu país e daqui não quero sair.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Revolução

Como casa limpa
Como chão varrido
Como porta aberta

Como puro início
Como tempo novo
Sem mancha nem vício

Como a voz do mar
Interior de um povo

Como página em branco
Onde o poema emerge

Como arquitectura
Do homem que ergue
Sua habitação

Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"

 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

É isso aí

A festa do meu casamento correu mal. Mas, no sábado, no meio do casamento da minha amiga, finalmente apercebi-me que isso não tem qualquer importância.
Estava a tocar esta música.


Nunca gostei desta música. Sempre que toca na rádio mudo de estação. Mas, lá estava ela. Os convidados estavam todos sentados, os noivos tinham acabado de cortar o bolo e os empregados estavam a distribuí-lo. No meio daquela azáfama, ele puxa-me para dançar e enquanto estamos abraçados, embalados, sozinhos na pista, rimo-nos do dj que alterna Emanuel com ACDC e do primo bêbado que iria acabar com a festa. Estamos assim, a dançar em frente a todos como se estivessemos só nós e eu estou tão feliz como a noiva. Afinal, foi só a minha festa que correu mal. O casamento corre bem todos os dias. É isso aí.

Para onde vais, Bolachas?

Vou para a festa!

De onde vens, Bolachas?

Venho da festaaaaaiiiiiii a minha cabeça. Falem baixo, se faz favor.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Amanhã há festa da grossa

Amanhã é dia de casório. As senhoras vão ao cabeleireiro, pintam os olhos, as unhas e os lábios, colocam os seus sapatos altos. Preocupam-se durante meses com a roupa que vão vestir mas, na hora da verdade, em 95% dos casos, todos as convidadas estão mais feias do que no dia-a-dia. Os senhores vão lavar os carros, mesmo com a chuva que está, e escolhem a gravata cor-de-rosa que está guardada há anos. As senhoras enterram os saltos na relva molhada enquanto comem croquetes e comentam o vestido da noiva e da mãe da noiva. Os senhores vão directamente ao bar, fazendo graçolas sobre o facto de ser aberto. Os noivos vão cumprimentando toda a gente, distribuindo beijos e ouvindo felicidades. Estão cheios de fome, os rojões já passaram três vezes mas, de cada vez que esticam um braço para lhes pegar, aí vem mais uma beijoca. Os convidados verificam onde vão ficar sentados e reclamam porque vão ter de aturar aquela tia maluca, todos se sentam e os noivos entram ao som de uma balada que, muitas vezes, nada tem de romântica. Palmas, palmas, palmas. Vem o bacalhau com broa, o cabrito assado, a sobremesa e o café. O bolo é partido ao som de outra música espectacular e de foguetes. Segue-se o baile. Apita o comboio, o pai da criança, o ritmo do amor, eu tenho dois amores. Por esta altura, já as senhoras calçaram os chinelos e os senhores estão com a gravata cor-de-rosa na cabeça. As crianças já se fartaram do palhaço que não tem graça nenhuma e estão a dormir nas cadeiras. A noiva está descalça, o cabelo em pantanas e o rímel borratado. O noivo canta karaoke com os amigos com uma valente bebedeira.
O mais caricato disto tudo? É que adoro ir a casamentos.    

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Vá lá, inspirem-se

Bolachas, a salvar casamentos desde Julho de 2012.

A falta de linguados

Estive a fazer uma reflexão profunda e cheguei à conclusão que o problema da maioria dos casamentos é a falta de linguados. Os primeiros meses de namoro são fartos nesse campo. Uma boca nova e uma língua por descobrir fazem os recém-apaixonados atracarem-se a toda a hora. Lava-se os dentes dez vezes por dia, masca-se chicletes, não se come cebola nem alho. Com o casamento e a partilha da casa, não faz qualquer sentido um cônjuge sair da sala para soltar gases, por exemplo. Ainda por cima, a Oprah diz que é normal soltar-se 16 por dia. Ora, num domingo, quando a maior parte dos casais está junto as 24 horas, seria muito difícil cada um arranjar uma desculpa 16 vezes para sair da beira do outro. No total, são 32 vezes, ora um, ora outro. Seria uma grande trabalheira. Posto isto, e perante este cenário tão glamouroso, os casais tendem, também, a desleixarem-se com os linguados. O amor da nossa vida está mesmo ali ao lado, sempre, e pensamos, amanhã vou dar-lhe um valente beijo naquela boca. Mas amanhã os filhos estão sempre ali e não vamos espetar a língua na boca do cônjuge à frente deles. Quando damos por ela passaram dois ou três meses e nada de linguados. Está mal. Na minha opinião está mal. Se querem conservar os vossos casamentos, já sabem, um linguado por dia nem sabe o bem que lhe fazia.

Com a Fortuna não Perde o Ser de Besta

Na carreira veloz, a deusa cega
Lança às vezes a mão a um feio mono
E o sobe, num instante, a um coche, a um trono,
Onde a Virtude com trabalho chega.


 










Porém se, louca, num jumento pega,
Por mais que o erga não lhe dá abono:
Bem se vê que foi sonho de seu sono,
Quando a vara ou bastão ela lhe entrega.













Pouco importa adornar asno casmurro
Com jaezes reais, mantas de festa,
Se a conhecer se dá no rouco zurro.

 
Quem, no berço, por vil se manifesta,
Quem nele baixo foi, quem nace burro,
Co'a Fortuna não perde o ser de besta.


 













Francisco Joaquim Bingre, in 'Sonetos'

 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Abraçar ou não abraçar, eis a questão

Como dizer isto? Adoro abraços. Detesto abraços. Não é bem um detestar, vá, é um desconforto físico grande, pronto. Em casa, sou a pessoa mais abraceira, e com isto acho que acabei de inventar uma palavra, mas com outras pessoas que não sejam o meu marido e a minha filha, o meu espaço não pode ser invadido até 50 centímetros. Tudo o que ultrapasse esse limite traduz-se em bochechas vermelhas e risos nervosos. Nem pais, nem sogros, nem amigos, colegas ou conhecidos. Ninguém me pode abraçar. Eu até posso gostar das pessoas, mas a minha dúvida é: onde é que se põe a cabeça durante um abraço? Ainda ontem uma amiga me abraçou. Ela é bastante mais alta que eu e lembrou-se de me dar um daqueles abraços de ladeiro, em que colocamos um braço por cima do ombro da pessoa abraçada e o outro na cabeça dessa dita pessoa. E eu fico ali, respira não respira, retribui não retribui. Rapidamente me tentei soltar, mas havia carinho naquele abraço - e todos sabemos que esses são os mais longos. No fundo, gosto da ideia de abraçar, é simpática e mais vale isso que uma pancada na cabeça, mas na realidade essa ideia parece-me muito melhor quando a penso e não quando ela é concretizada. Precisarei de terapia? 

Do ciclo da vida


As mangas têm que ser dobradas várias vezes e um cinto ajusta os vestidos à cintura da Inês. A sua mãe não gosta que remexam nas suas coisas e, muitas vezes, reprende a Inês por deixar tudo desarrumado, mas a menina com olhos de azeitona não resiste a fazer de conta com as roupas de mulher crescida. Todas as tardes de domingo, a Inês entra no quarto da mãe e abre os armários. Primeiro escolhe os sapatos, a sua peça de vestuário preferida, e depois o vestido. O próximo passo é pintar os lábios, os olhos e as unhas. A caixa de maquilhagem da mãe é um mundo de possibilidades, com todos os batons, lápis e vernizes. Em frente ao espelho, a Inês fala sozinha com amigos imaginários. Já foi professora, médica, cabeleireira, foi personagem em novelas e concorrente da Casa dos Segredos. A idade esta a avançar, mas a meninice continua intocável, pelo menos nas brincadeiras. Sonha em tornar-se uma mulher sem querer deixar de ser criança.
E a mãe enternece-se a pensar no ciclo da vida. Ainda ontem era ela a desarrumar as coisas da mãe e hoje ralha com a filha por deixar o quarto de pernas para o ar. É engraçada, a vida.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Ainda sem professor

Um mês volvido desde o início das aulas, a minha filha continua sem professor de Espanhol. Ora, sendo do conhecimento geral que há milhares de docentes no desemprego, nomeadamente desta disciplina, alguém me pode explicar porque esta situação continua a arrastar-se sem um fim no horizonte?

Nobel da Paz

Parabéns Angela!


Coisas que gosto e não gosto que vou dizer quando o Daniel Oliveira me entrevistar # 08

Gosto quando tenho força de vontade para sair da cama às 6h45 para ir à ginástica. Gosto de me surpreender, à medida que me arrasto até à casa-de-banho, onde a roupa já está cuidadosamente preparada, não vá trocar as cuecas pelas meias, com o pensamento mas eu levantei-me mesmo? Isto é mesmo a sério? Eu vou fazer ginástica a esta hora? Gosto quando acho que, às vezes, a nossa vida pode ser aquilo que queremos fazer dela.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Segunda-feira

Abro os olhos devagar, suspiro, vai começar tudo outra vez. O frio torna o desapego dos teus braços ainda mais doloroso. Resmungo até ao chuveiro, o andar pesado, as costas curvadas, o cabelo de leão. A água quente no rosto aquece-me o espírito e, lentamente, desperto para a vida. A voz da que é nossa irrompe pelo quarto, mãe, será que está frio, é melhor levar uma camisola, não te esqueças do meu saco do kung-fu, o meu teste de físico-química foi adiado, e eu resigno-me. Chegaste sacana, chegaste segunda-feira.   

I hate mondays


Entretanto já cá venho escrever alguma coisa maravilhosa, como sempre. Primeiro tenho que ir ali tomar o quinto café.

Até já.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

E agora algo realmente importante

Amor da minha vida

Sabes que quero sempre o melhor para ti e estou sempre a zelar pelos teus interesses. Depois de ver atentamente a novela Avenida Brasil acho, acho não, tenho a certeza, que não vale a pena perderes o teu tempo com este programa.


É coisa sem nível, amor, sem qualquer nível, digo-te.


O melhor é vermos a Sic Notícias, como fazíamos até aqui e não pensarmos mais nisto.



quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Solidariedade para Paulo Campos

Bolachudos deste país, vamos unir-nos para ajudar o deputado socialista Paulo Campos. O ex-secretário de Estado, depois de todo o trabalho em prol do desenvolvimento do país, está a passar por dificuldades e cabe-nos reconhecer o seu esforço solidariezando-nos com ele. Quem pretender ajudá-lo a comprar o último modelo da Porsche, uma mansão em Cascais, uma casa de férias no Algarve e um ipad para a empregada pode fazê-lo com donativos a partir de 3 mil euros, claro, só assim coisa pouca para começar.

Alguém?

Anyone?...

...

...

Não?...

Ok. 

Coisas que gosto e não gosto que vou dizer quando o Daniel Oliveira me entrevistar # 07

Não gosto quando reclamam comigo e têm razão. Prefiro quando estão a cometer uma injustiça e eu posso barafustar de volta. Quando a responsabilidade realmente é minha as minhas orelhas murcham, o sentimento de culpa invade-me e não me deixa adormecer em 0,7 segundos, como habitualmente acontece todas as noites.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Até amanhã

O dia está a acabar e o momento pelo qual anseio há tantas horas chegou finalmente. Deito o corpo cansado ao lado do teu e respiro fundo. Dou-te a mão, fecho os olhos e recebo a tua boca na minha. Olhos nos olhos, despedimo-nos, gosto de ti, até amanhã.

O mesmo local, papéis tão diferentes

Entro na escola que frequentámos, onde te vi pela primeira vez, e sorrio. Tento viajar no tempo, voltar aos onze anos, sentir aquelas emoções. Sorrio de novo. Que mania temos nós de achar que na infância é que era, tanta brincadeira, tantas bolachas sem consequências, tanto ranho mas tanta felicidade. Lá por isso nunca achei graça à Caderneta de Cromos. Não sou pessoa de passado, para o bem e para o mal. Não posso ser. Hoje é que é.
Mas ao entrar naquela escola, estranho. Hoje já não é a nossa escola. É a escola da nossa filha e eu entro como mãe, encarregada de educação, acreditas? Vou reclamar, barafustar, falar com a directora, porque não há professores ainda, que país é este, e então a segregação das crianças em turmas de filhos de pessoas conhecidas da terra e os outros, e a minha filha pertence aos outros. O tempo passou, os papéis mudaram. E vai ser a frase mais lamechas de todo este blog, mas hoje sou imensamente mais feliz do que há vinte anos atrás.

 

Pronto, desisto

Querida Cláudia

Agora sei, ser tu dá imenso trabalho. Barriga e braços como os teus não se alcançam da noite para o dia. E vamos ser sinceras, tu não comes bolachas, pois não? É que eu até aguento a sopa, a fruta, a alface e os iogurtes zero mas, tu entendes, a minha alcunha tem uma razão de ser e as bolachas são vitais para o funcionamento das minhas artérias. E as quatro horas no ginásio também não são nada fáceis, convenhamos. Eu ontem bem tentei Claudinha e hoje estou que não posso, que não posso, digo-te. Toda a gente me pergunta o que tenho, estou com ar abatido, se estou aleijada, o que aconteceu. E eu digo, estou a tentar ser igual à Claudinha. Mas pronto, depois de persistir nesta busca durante dois dias (dois dias, amiga, sem bolachas) e não ver quaisquer resultados, vou desistir. Tenho que me consciencializar que tu és produto do photoshop, mesmo quando apareces no ecrã, o que sei que não é possível mas não faz mal.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Claudinha Vieira, Claudinha Vieira

Claudinha, sabes que trabalho quase todos os dias para ficar como tu, mas tem sido uma missão difícil, para não dizer impossível. Por obséquio, diz-me lá o teu segredo e, por favor, diz-me que comes bolachas todos os dias.
Enquanto a perfeição não chega, vou sonhando com ela:

 

Coisas que gosto e não gosto que vou dizer quando o Daniel Oliveira me entrevistar # 06

Gosto quando a justiça não falha, muito embora ela tarde, por vezes. É sempre com um gostinho especial que vejo as pessoas que espalham maldade por aí provarem do seu próprio veneno.

Eu, se fosse o Passos, também pensava em ir estudar filosofia para Paris.

Botas Givenchy?


Inocência?

Porque é que os homens terminam relacionamentos longos sem dar explicações, dizendo apenas que algo não está bem e que precisam de tempo para eles, e as mulheres continuam a acreditar que não é por causa de outra mulher?

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Namorado novo

Ter colegas novos no escritório é como ter um novo namorado. Eu gosto de ter a TSF sintonizada durante todo o dia, praguejar enquanto ouço as notícias e, de vez em quando, chamar os políticos de filho desta e daquela. Os colegas antigos, casamento com mais de uma década, já se habituaram e respeitam esta minha vontade, como eu me habituei e respeito outras vontades deles. Pois que os colegas novos não gostam de ouvir a TSF e logo no primeiro dia perguntaram se ia ser aquilo o dia todo. Pois que vai, caros colegas, temos que estar informados, respondi eu. Mas os colegas não acreditaram e reviraram os olhos com ar entediado. Tudo bem, ok, estamos numa nova relação, mas a casa é minha. E se logo no primeiro dia este novo namorado faz exigências, não passando pela fase apaixonada em que ambos querem fazer as vontades ao outro, então estamos quilhados.   

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Coisas que gosto e não gosto que vou dizer quando o Daniel Oliveira me entrevistar # 05

Não gosto quando tornam as coisas fáceis, difíceis. As coisas simples, pintelhos, como dizia o outro, em dramas. Pessoas que, em princípio, nos deviam querer bem e a maior parte das vezes só nos fazem mal.  
Eu: Estou a ouvir-te mal. Parece que estás no fundo do poço.
Filha: Mas estou na sala, mãe.

Bruno, Eduardo, Óscar, Aldo, Rodrigo e Nilton



Meninos, tenho tido uma semana de merda. De cocó, vá, para não melindrar a minha filha quando ela ler este post. Por isso, quando soube que vocês vinham ao Porto comprei logo três bilhetes. Espero que estejam inspirados, que a malta está a precisar de rir.

Dia Mundial do Animal

Parabéns Vitó

Talvez...

Talvez um dia acorde e tenha um país para oferecer à minha filha. Talvez um dia tudo passe e ela possa continuar a crescer perto de mim, que as mães querem sempre os seus filhos junto de si e não emigrantes, mesmo que de sucesso. Talvez um dia. Hoje não.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Só há uma pessoa que me consegue irritar...

... quase tanto como o Pedro Passos Coelho. Alvim, não tens graça e só dizes asneiras, pá. Eu sei que tu até te esforças, mas não acertas uma, umazinha. E nem sou daquelas que lê, vê ou ouve o que diz não gostar só para dizer mal. É apenas quando sintonizo na Antena 3 por causa de alguma música que me agradou, canto, canto e quando chego ao destino desligo o carro, não me lembrando que quando o voltar a ligar são 19h30 e tu estás lá, estás lá e eu não me lembrei. E enquanto fecho o portão e ponho as mudanças e olho para a estrada, atrapalho-me e não consigo sintonizar outra rádio e tu dizes asneiras e asneiras.

A melhor profissão do mundo

Não, não é a mais antiga, estou a falar da melhor: professor de ginástica. O dia correu bem, óptimo. Há energia para dar e vender e não têm de pagar ginásios para se exercitarem. O dia correu mal, óptimo. Há que descarregar nos alunos. Pensar nos exercícios mais tortuosos para castigá-los e vingar a discussão que tiveram no trânsito, com a namorada, com o chefe. Eu adorava dar aulas. Ficar a ver os alunos a fazerem 50 flexões e gritar: são só mais oito pessoal.
Oito...
...
...
...
...
Sete...
...
...
...
...
Seis...

Coisas que gosto e não gosto que vou dizer quando o Daniel Oliveira me entrevistar # 04

Não gosto de colegas que passeiam pela sala, enquanto comem uma maça, fingindo que estão a descansar as pernas de estarem tanto tempo sentadas, quando na verdade estão a controlar o que os outros colegas estão a ver ou a fazer no computador.

O nosso estado de espírito

Eis-nos neste momento:


Bolachas antecipa tendência

Depois das fashionistas terem enlouquecido com estas camisolas:



O Barriga de Bolacha avança em primeira mão a próxima moda que a Zara irá copiar já na próxima temporada. Inspirada nos filmes Star Wars, esta tendência será eficaz para cobrir acne indesejado ou olheiras de ressaca. Com a aquisição deste outfit, poupará então na maquilhagem e também em chapéus e gorros.




Um dia que começa é como uma página em branco. Mesmo que conheçamos de cor o tema sobre o qual iremos escrever, as regras de pontuação e a ortografia, a forma como colocamos as ideias no papel, as palavras escolhidas, os verbos utilizados, farão toda a diferença. 
De manhã, a rotina é a mesma há anos. Banho, padaria, trabalho, tomar o pequeno-almoço no trabalho, café às 10h00, trabalho, telefonema para uma das minhas pessoas, mais trabalho, telefonema da minha outra pessoa, almoço, trabalho, ginástica, sopa, dormir. Esta rotina não me cansa, pois eu vivo-a intensamente todos os dias com positivismo e tento tornar prazeiroso cada momento.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

É cansaço, amor? Que sorrir sem vontade, falar sem ter nada para dizer e ouvir o que se não merece definha os músculos e maltrata a alma. Será desilusão? Que desdobramo-nos pela vida e a vida magoa sem piedade. Encosta a cabeça no meu peito e fecha os olhos, que desta vez sou eu a protectora e tu o protegido.

Da tristeza

Adormece. Tudo terá passado quando acordares. Eu fico aqui contigo, ficarei sempre. Eu afago a tua cabeça e o teu ego e mimo o teu corpo e o teu coração.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Do crescimento

A minha filha comprou a primeira peça de roupa numa loja que não tem kids ou 0-12 no nome. Agora, compramos nas mesmas lojas. Nem sei se ria, nem sei se chore.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Dear 16 year old me

No final do Verão, e depois de algumas possíveis asneiras com o sol, este vídeo, já com um ano, mas actualíssimo.
Mini Oreo, não me faças amarrar-te com algemas na praia para te colocar protector. E não me digas que queres pôr óleo.
Obrigada


E agora algo mesmo mesmo importante

Não há nenhuma alminha que avise a Teresa Guilherme que com a cinta que ela coloca para fazer a Casa dos Segredos parece um boneco animado? E que a gordura sai por cima e que fica com refêgos nas costas?




Hospitais já fazem racionamento de remédios mais caros

Depois desta notícia, é juntar as receitas das nossas trisavós, com ervas, especiarias e rezas, para os tratamentos de cancro e HIV. A saúde, afinal, tem um preço.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O substituto de Gaspar


À noite

A luz pode ficar acesa. Gosto de olhar para ti enquanto te despes, espalhas o creme na pele e me contas o teu dia, detestas a tua colega nova, o teu chefe é incompetente, a tua amiga vai emigrar, a aula de ginástica deixou-te de rastos, qual será o futuro da nossa filha neste país, sem reparar que olho para ti embevecido. Passeias nua de um lado para o outro, falando, falando, com a naturalidade de quem aceita e gosta do seu corpo, com todos os defeitos e atributos que o tornam perfeito para mim. Ouço calado, atento às palavras e aos movimentos. Sorrio e perguntas o que foi? Nada. Gosto de ti.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Tentar apanhar um avião sem levar o Bilhete de Identidade é uma coisa pouco esperta. Afinal, não vou ter saudades tuas. Vais dormir juntinho a mim nos próximos dias. Que bom.

Outras que andam de uniforme.

http://www.devilwearslouboutin.com/2012/04/diary-blue-jeans.html


http://www.blogdafernanda.com.br/Categoria/gastronomia/


http://www.crisvallias.com.br/tag/blusa-verde-linho-zara/


http://modaeuropa.com.br/blog/?p=981


http://misskrevelaro.com/page/9/


E aqui está uma pequena amostra do universo dos fashion blogs com originalíssimos colares da Zara. Se há uns anos atrás tinhamos uma peça gira e as pessoas ficavam a pensar onde a teríamos comprado e até poderíamos afirmar com convicção é da Pierre Cardin, hoje não é possível. Mesmo que a pessoa não tenha visto a peça na loja, de certeza que já tropeçou nela nalgum fashion blog, originalíssimos.



Ando de uniforme

Proliferam os blogues de moda. São mostradas as roupas da Zara, da Mango e da H&M. Têm 4857956 seguidores que comentam ai mas que linda, que original, nunca me teria lembrado. Bem, sempre vi com desconfiança o êxito de blogues que mostram as roupas diárias das suas autoras. Já aqui tinha referido esse facto. Hoje, dou continuidade a essa investigação exaustiva que pretende comprovar que, um dia não muito distante, andaremos todas de uniforme. Há uns anos atrás, uma moça ia à Zara, comprava os seus trapinhos e via na rua uma ou outra pessoa com peças iguais. Mas hoje, abre-se o computador e vemos um milhão de pessoas com peças iguais.

Ora, esta sou eu, originalíssima e excelente fotógrafa, como sempre:


Atentem no post seguinte.

Do dormir e da intimidade

As noites vão passar devagar. Vou acordar três ou quatro vezes. Estranho a falta do teu corpo, do toque e do calor da tua pele, da tua respiração. Sempre foi um sacrifício para mim partilhar a cama. Em criança recusava quando as amigas me convidavam para passar a noite na casa delas. Nunca percebi o obectivo da coisa. Afinal, dormir com alguém exige intimidade. Ressonamos, soltamos gases e acordamos com mau hálito, cara amassada e cabelo de leão. Nas novelas e nos filmes assim que acordam os actores e as atrizes atiram-se para a boca uns dos outros. Na vida real isso não é possível, todos o sabemos. É impensável alguém colocar a sua língua ou receber a de outra pessoa logo de manhã sem escovar os dentes. Por todos estes motivos e muitos outros, dividir a cama com alguém sempre foi um sacrifício para mim. Mesmo quando começamos a passar as noites juntos, confesso que também estranhei. Mas hoje, ai hoje... Gosto dos rituais antes de adormecermos, do dizer sempre até amanhã, do beijo, do abraço, dá-me só mais um, já chega, tenho sono, que chata. Gosto das manhãs, tentas sempre acordar-me lentamente, mas vendo que nunca resulta aumentas o som da televisão. Mais um bom dia, mais um abraço, beijo não, cruzes, coitado de ti, resmungo até ao chuveiro, água a 37 graus e bom trabalho. As noites vão passar devagar e as manhãs só vão fazer sentido porque serão sinal que o teu regresso está mais perto.
O governo conseguiu extinguir quatro fundações. Fantástico.



Not.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Perdoem a linguagem


 
Nuno Crato, Ministro da Educação

A escola mata a criatividade

A minha filha continua sem três professores. O director de turma não faz ideia de quando eles poderão chegar à escola. Pediu aos encarregados de educação que pressionassem a escola, a DREN, o Ministério. Uma mãe disse-lhe ainda por cima são disciplinas de estudo. Mas todas são de estudo, respodeu. Há disciplinas que são mais práticas, outras mais teóricas, mas todas são importantes. Há alunos que só vêm à escola porque gostam de Educação Física e de Educação Visual. Às vezes, conseguimos que se interessem pelas outras por causa do desporto e das artes. Porque não há-de ser considerado bom aluno aquele que tem boas notas a estas disciplinas, bem como a Educação Musical, por exemplo? Por que só é bom aluno aquele que tira 5 ou 20 a matemática? Além disso, e referindo-me à Educação Física em particular, o ministro tirou uma hora desta disciplina. Em vez de três horas, uma hora num dia e duas noutro, os meninos têm dois dias com uma hora cada. Sinceramente, considero isto criminoso, retirar a crianças em desenvolvimento, que muitas vezes só praticam desporto na escola (e não, correr com os amigos atrás de uma bola não é desporto, é brincar) a possibilidade de aprenderem e aperfeiçoarem diferentes modalidades é criminoso.
A este propósito, lembrei-me de um vídeo que vi há alguns meses, sobre como a escola mata a criatividade. É longo, mas é muito interessante.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O Morgan é que sabe


Não sou de Outono

Sou de Verão. Os dias quentes e longos. As roupas frescas e curtas. Ainda estou com tom de férias, mas rapidamente ele vai passar e vai dar lugar a uma cor amarelada, quase adoentada, que vai perdurar até junho. Junho. 9 meses até lá. Pior que o Outono só o inverno. Natal e Passagem de Ano, as festas mais desnecessárias do calendário. Antes comemorar a Nossa Senhora das Dores.