sábado, 15 de setembro de 2012

Feliz 12º

Aquele primeiro momento foi estranho. Romantizei-o durante tantos meses e ali estava ele, cru, rápido, confuso. Disseram-me "aqui está a sua filha". Filha, filha, filha, filha. Às 15h45 de um dia como outro qualquer, tornei-me mãe. A tua mãe.
Olhámo-nos. E sei que, naquele instante, sentimos (espera. Está a tocar o telefone. És tu. Estás a contar que estás a comer um gelado de baunilha e chocolate.) medo. Mas, entre a música que estava a passar no rádio e as conversas entre a anestesista, a parteira, a enfermeira, o ginecologista e a pediatra, também naquele instante, as duas em silêncio, fizemos um pacto. Iríamos crescer juntas, unha com carne, pele com pele.
Esse momento aconteceu há doze anos. Às vezes, ainda olhamo-nos com medo. A vida assusta, às vezes. Mas agora e amanhã, como antes, vem para o meu colo, deixa-me embalar-te, cantar-te uma canção "o mar enrola na areia, ninguém sabe o que ele diz", sentir a tua pele quente. Quando estivermos assim, aninhadas uma na outra, o medo vai passar.

Sem comentários: