quarta-feira, 25 de julho de 2012

Da minha história de amor

Tenho a certeza que naquele momento o meu coração saltou uma batida. Muito magrinho, de olhos azuis brilhantes, com as sapatilhas sujas, como quem têm um par preferido e não o quer
tirar dos pés nem para dormir, e suado pelas brincadeiras no recreio da escola. Assim o vi pela primeira vez. Tímidos, olhamos um para o outro e sorrimos.
Como explicar que eu soube, naquele momento em que o meu coração saltou uma batida, que o rapaz de doze anos, parado à minha frente, mudaria a minha vida para sempre? Como explicar que, com apenas dez anos, no fundo daqueles olhos de mar, eu vi as marcas que um grande – o maior – amor iriam fazer na minha vida?
Quando cinco anos mais tarde o reencontrei, agora como colega de turma, o meu coração voltou a saltar uma batida. Expectativa, ansiedade de ir para a escola para me sentar perto dele, de me rir das suas piadas, de sentir o seu cheiro, El Charro, de olhar para o infinito do seu azul e pedir muito, em silêncio, “gosta de mim”.
Pediu-me para ser sua namorada, mas eu sempre soube que não o fazia por amor. Mesmo assim aceitei, claro. Como poderia eu recusar a oportunidade de o tentar tornar meu? De beijar a boca desejada há tanto tempo, com sabor a chupa-chupa de maça? Como deixar de mostrar, vitoriosa, a todos e a mim, que eu, uma personalidade forte, mas frágil, o tinha conquistado?
A minha felicidade foi tão grande que sentia o meu coração a bater com muita força, a querer saltar do peito. Eu sabia que ela ia durar muito pouco mas, mesmo assim, quis vivê-la.
Nunca o esqueci.
Durante os sete anos seguintes namorámos com outras pessoas e eu continuei a saber, não sei explicar como, que haveria um reencontro. E houve.
Há nove anos que, todos os dias, quando chego a casa e o vejo, o meu coração salta uma batida.
Continuo a saber, não sei explicar como, que é para sempre, que tinha de ser assim, que somos um do outro.

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