quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Para a minha filha decorar as capitais europeias, faço várias analogias. Letónia é Antónia, Riga é barriga, entre outras. Ontem perguntei-lhe qual é a capital da Hungria, cuja analogia era sangria. Resposta:

- Enxaqueca.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Maria do Rosário Pedreira

Ouvir a Maria do Rosário Pedreira faz-me sentir muito estúpida. Poderia ouvi-la durante horas. E o seu retrato de família, no Correntes d'Escritas, foi dos momentos mais marcantes para mim desde que assisto a estas Mesas, há mais de seis anos.

Aqui, mostro um dos meus poemas e uma das minhas músicas preferidas, ambos escritos por ela.

Lembrava-se dele e, por amor, ainda que pensasse
em serpente, diria apenas arabesco; e esconderia
na saia a mordedura quente, a ferida, a marca
de todos os enganos, faria quase tudo

por amor: daria o sono e o sangue, a casa e a alegria,
e guardaria calados os fantasmas do medo, que são
os donos das maiores verdades. Já de outra vez mentira
e por amor haveria de sentar-se à mesa dele
e negar que o amava, porque amá-lo era um engano
ainda maior do que mentir-lhe. E, por amor, punha-se
a desenhar o tempo como uma linha tonta, sempre
a caira da folha, a prolongar o desencontro.
E fazia estrelas, ainda que pensasse em cruzes;
arabescos, ainda que só se lembrasse de serpentes.

Maria do Rosário Pedreira



Letra de Maria do Rosário Pedreira

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Das mãos desse senhor não receberia uma côdea de pão, mesmo que estivesse a passar fome.

Maria Teresa Horta, sobre não ter aceitado o Prémio D. Dinis das mãos de Pedro Passos Coelho.
Entro na sala e procuro um lugar para me sentar. Escolho um sítio discreto, próximo da porta. A Maria Teresa Horta senta-se numa cadeira à minha frente. Minutos depois, é a vez de José Carlos de Vasconcelos sentar-se ao meu lado. Páro imediatamente de mexer no telemóvel, não vá ele pensar que sou uma daquelas miúdas que durante um espectáculo actualiza o perfil do facebook. Não José. Eu nem sequer tenho facebook. Espera. Ele está a chamar alguém. Há um lugar junto a esta menina, diz. A senhora sorri-me e pede licença. É a Carmen Dolores. Fico eu ali, sentada no meio dos dois e com a Maria Teresa Horta no lugar à minha frente. Os três conversam como se eu não estivesse ali. Não por me ignorarem, mas porque estão completamente descontraídos. Permaneço imóvel e tento fazer um ar inteligente. Descanso os braços no meu colo? Cruzo-os? Prendo o cabelo e coloco os óculos? Caramba, deixei-os em casa e pareço muito mais intelectual com eles. Para que vim eu de mini-saia? Ninguém de mini-saia parece inteligente, que tiro ao lado.  

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Não gosto nada de dias especiais

e certamente não preciso de um Dia dos Namorados para dizer o que sinto, mas pronto, meu garanhãozinho, sabes que bates forte cá dentro.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Filha poliglota

A ver o programa Vale Tudo:

Filha - Ó mãe, porque é que a Rita Ferro Rodrigues tem uma camisola a dizer moi (de moer)?
Eu - ...

...


...


...



...


...

Conclusão: tenho de a pôr no francês.

Ok, a perna é jeitosa, mas é preciso isto?


Ah e tal, enquanto a Adele discursa eu finjo que estou a ouvir atentamente quando na verdade estou apenas concentrada em pôr o pernil de fora e fazer força para que pareça que tenho mais músculo do que na realidade tenho.
Por ti carrego o mundo às costas, viro a minha vida do avesso, mudo sistemas e corto com preconceitos, com inércias.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Uma semana a tentar resolver os problemas na turma da minha filha. Uma semana com direito a enxaqueca, a discussões com professores, com directores da escola. Uma semana frustrante, vazia em soluções, desesperante. Educar é difícil, quando não se conta com a colaboração do sistema educativo torna-se uma tarefa ingrata.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Amigo

Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».

«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!

«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.

«Amigo» é a solidão derrotada!

«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'


Estou a calmantes

A minha filha vai a Lisboa amanhã com a escola. 300 quilómetros de viagem para lá, 300 para cá, mais não sei quantas horas com centenas de outras crianças. É duro, digo-vos, é duro.