quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O pior, às vezes, revela-se o melhor

Reunião com director de turma da minha filha. Nada a declarar sobre o seu comportamento. Bem-educada, simpática, participativa, interessada. É a primeira vez que venho de uma reunião satisfeita. Até agora, os directores de turma da minha filha sempre se queixaram da sua distracção e de como esta a impedia de ser uma excelente aluna. No início do ano, fiquei preocupada quando soube que entre os colegas estariam ciganos e repetentes com fartura. É uma das piores turmas de 7º ano da escola. Eu sei, eu sei, já vou chegar lá. A minha filha pediu-me para confiar nela, que se ia portar bem, que não se ia deixar influenciar. Confiei. Os professores simpatizaram logo com ela e ela destaca-se entre os restantes pelo interesse que demonstra. Isso fez com que ela se sentisse mais empenhada em tirar boas notas e, contrariamente ao que eu tinha pensado, os testes nunca lhe correram tão bem como este ano. Ela sempre andou em turmas com excelentes alunos e eu pensava que era positivo ter como companhia crianças estudiosas e interessadas. Mas, a vida trocou-me as voltas e fez-me repensar nisto da educação e do que os pais pensam ser o melhor para os seus filhos. Os bons alunos desmotivavam a minha filha, insegura em relação às suas capacidades. Era apenas mais uma no meio de trinta. Ser considerada um exemplo, palavras do director de turma, tem-na motivado como nunca. Estuda sem ninguém a mandar, faz todos os trabalhos, participa e tira boas notas. Ao mesmo tempo, ficou amiga dos ciganos e dos repetentes, crianças com dificuldades de aprendizagem e necessidades especiais. Já assistiu a pancada e a marmelada da grossa entre eles. Sempre, acho eu, mantendo a meninice que tanto a caracteriza e crescendo.
Afastá-la de todos os supostos perigos não é o caminho correcto para um crescimento saudável. 

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Dia Nacional da Prevenção do Cancro da Mama

As minhas duas avós tiveram cancro da mama. Uma sobreviveu. Façam favor de apalpar, todos os meses, as vossas ditas cujas.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Obrigada...

 
 
 
... São João. Uma miúda gosta sempre destas coisas.  

Coisas que gosto e não gosto que vou dizer quando o Daniel Oliveira me entrevistar # 09

Gosto de segundas-feiras. De saber que tenho uma semana inteira à minha frente para fazer o que mais gosto e o que menos gosto mas que tenho que fazer na mesma de maneira que não vale a pena chorar.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Egoísta?

Um colega está, nos últimos dois anos, a passar a mensagem aos filhos que trabalhar fora do país é uma coisa fantástica para que, daqui a alguns anos, quando eles forem adultos, encarem essa possibilidade como normal e não sofram com o seu afastamento da família e do país. Porque em Portugal não vai haver lugar para eles. Porque lá fora é que se vai ganhar dinheiro. Porque aqui ninguém é reconhecido.
A minha filha estará no mercado de trabalho daqui a dez anos, mais coisa, menos coisa. Talvez eu esteja a ser uma péssima mãe, egoísta e irresponsável até, mas não consigo, não posso, não quero ensinar-lhe que este é o único caminho.     

Toca a mexer

O pior programa de televisão de sempre. Pior que a terceira edição da Casa dos Segredos, e se esta edição é má. A Bárbara Guimarães está no seu pior, sempre a fazer um papel de coitadinha - e que raio, quem escolhe a tua roupa, Bárbara - e isso também já era difícil, ter o Paulo Futre como júri é apenas mais uma das muitas humilhações a que sujeitam os concorrentes que, convenhamos, não dançam nada. É como assistir a um concurso de cantores onde todos cantam mal.
E pronto, é isto. Apeteceu-me dizer mal de alguma coisa.  

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Este blog é a minha cara. Está de bem com a vida, é apaixonado por ela e tanto é discreto como espalhafatoso. Assim sou eu. Tentei que o Barriga de Bolacha seguisse uma linha, mas o melhor blog snob-chic estava nas mãos d'O Pipoco mais Salgado, o melhor blog publicitário é com A Pipoca mais Doce, o melhor baby-blog é o Quadripolaridades (brincadeirinha Pólo Norte). Por isso, optei por escrever, de todas as vezes, consoante o meu estado de espírito, uma salganhada de temas e de tons. Já fui lamechas até mais não, já fui , já fui romântica, já mostrei o meu talento para o desenho, já partilhei as minhas teorias espectaculares. Há muitas personagens por trás dos blogs. Mas aqui não. Nem sempre a coisa corre bem e quando releio apetece-me mudar tudo. Mas, maridão e filha adorada, de cada vez que vejo os vossos sorrisos quando vos dedico um texto, por mais simples que seja, arrependo-me de não ter iniciado o Barriga de Bolacha há mais tempo.       

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Um conselho para quem está bem disposto hoje: não leia isto

O dia deu em chuvoso.
A manhã, contudo, esteve bastante azul.
O dia deu em chuvoso.
Desde manhã eu estava um pouco triste.

Antecipação! Tristeza? Coisa nenhuma?
Não sei: já ao acordar estava triste.
O dia deu em chuvoso.

Bem sei, a penumbra da chuva é elegante.
Bem sei: o sol oprime, por ser tão ordinário, um elegante.
Bem sei: ser susceptível às mudanças de luz não é elegante.
Mas quem disse ao sol ou aos outros que eu quero ser elegante?
Dêem-me o céu azul e o sol visível.
Névoa, chuvas, escuros — isso tenho eu em mim.

Hoje quero só sossego.
Até amaria o lar, desde que o não tivesse.
Chego a ter sono de vontade de ter sossego.
Não exageremos!
Tenho efetivamente sono, sem explicação.
O dia deu em chuvoso.

Carinhos? Afetos? São memórias...
É preciso ser-se criança para os ter...
Minha madrugada perdida, meu céu azul verdadeiro!
O dia deu em chuvoso.

Boca bonita da filha do caseiro,
Polpa de fruta de um coração por comer...
Quando foi isso? Não sei...
No azul da manhã...

O dia deu em chuvoso.

Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa


Não que vocês queiram saber disto para nada (pára Bolachas, os senhores não têm culpa), mas eu tenho mesmo bom feitio (não se está a notar nada Bolachas). Quando há discussões, zangas ou o caralho, sou sempre a boa da fita. Quando é com os outros vou lá pôr paninhos quentes, quando é comigo sou sempre eu a pedir desculpa, a fazer as pazes, mesmo quando a outra pessoa está a ser completamente imbecil (agora só tens o teu marido a ler Bolachas, todos os outros já estão noutros blogs). Estou sempre bem disposta. Ninguém tem que levar com a minha tensão pré-menstrual, saber se me zanguei com a filha, os pais ou o escambal. Mas detesto quando confundem o meu bom feitio com uma certa loirice (pronto, agora é que estragaste tudo) ou com um caga em mim que eu deixo. Está certo, a responsabilidade é minha. No cabeleireiro fazem-me a porcaria de um penteado todo mal amanhado, simpaticamente digo a medo ai, dona cabeleireira, acho que atrás não está muito bem, parece-me amarfanhado, eheheheh. E ela solta um Bolachas, depois de vestida e maquilhada vai ver que acha que está tudo bem. E lá venho eu com a porcaria do cabelo todo fodido, chego a casa e desfaço aquela trampa e faço sozinha. Cagada das grandes porque se tivesse que ser cabeleireira morria à fome. Na esteticista digo eu gosto das sobrancelhas a direito, não gosto daquelas com uma curva acentuada, por favor tire-me só o excesso.  A menina acaba de depilar, mostra-me um espelho e diz-me as suas sobrancelhas não tinham formato nenhum, estavam a direito, por isso fiz-lhe esta curvinha. Gosta? E o que aconteceu? Ah, estão muito bonitas, obrigada. O que queriam que dissesse? As putas das sobrancelhas já estavam arrancadas. Estou farta deste meu bom feitio e, como podem constatar se tiveram pachorra e coragem para ler este post até ao fim, estou a mudar.

Daquilo de nos importarmos um bocado, pá

Ao ver um dos separadores da Sic Notícias, aquele da senhora do 5 de Outubro, eu e o meu novo colega de trabalho tivemos o seguinte diálogo:

colega novo: O que é isto?
eu: É a senhora do 5 de Outubro.
colega novo: Mas é alguma performance teatral?
eu: Não, a senhora foi protestar.
colega novo: Fónix, um bocado dramática.
eu, já a fumegar: Hum, talvez a senhora e a sua família estejam a passar por dificuldades na sua vida à conta das medidas do governo e, não sei, talvez esteja a desesperar por quase não ter como se sustentar, estou só a arriscar uma hipótese.

Acrescento que o meu colega tem 32 anos. Enquanto não nos importarmos com esta merda, não estivermos informados para, pelo menos, na hora de votar o fazermos conscientemente, enquanto continuarmos nesta passividade de pensamento, a fingirmos que ainda somos uns adolescentes irreverentes, a mandar postas de pescada sem ver nada, ouvir nada, ler nada, reclamarmos no café sobre a arbitragem que fez o benfica perder outra vez, então estamos a assinar por baixo a certidão de óbito que este governo quer dar ao nosso país. Pelo menos, é o meu país e daqui não quero sair.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Revolução

Como casa limpa
Como chão varrido
Como porta aberta

Como puro início
Como tempo novo
Sem mancha nem vício

Como a voz do mar
Interior de um povo

Como página em branco
Onde o poema emerge

Como arquitectura
Do homem que ergue
Sua habitação

Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"

 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

É isso aí

A festa do meu casamento correu mal. Mas, no sábado, no meio do casamento da minha amiga, finalmente apercebi-me que isso não tem qualquer importância.
Estava a tocar esta música.


Nunca gostei desta música. Sempre que toca na rádio mudo de estação. Mas, lá estava ela. Os convidados estavam todos sentados, os noivos tinham acabado de cortar o bolo e os empregados estavam a distribuí-lo. No meio daquela azáfama, ele puxa-me para dançar e enquanto estamos abraçados, embalados, sozinhos na pista, rimo-nos do dj que alterna Emanuel com ACDC e do primo bêbado que iria acabar com a festa. Estamos assim, a dançar em frente a todos como se estivessemos só nós e eu estou tão feliz como a noiva. Afinal, foi só a minha festa que correu mal. O casamento corre bem todos os dias. É isso aí.

Para onde vais, Bolachas?

Vou para a festa!

De onde vens, Bolachas?

Venho da festaaaaaiiiiiii a minha cabeça. Falem baixo, se faz favor.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Amanhã há festa da grossa

Amanhã é dia de casório. As senhoras vão ao cabeleireiro, pintam os olhos, as unhas e os lábios, colocam os seus sapatos altos. Preocupam-se durante meses com a roupa que vão vestir mas, na hora da verdade, em 95% dos casos, todos as convidadas estão mais feias do que no dia-a-dia. Os senhores vão lavar os carros, mesmo com a chuva que está, e escolhem a gravata cor-de-rosa que está guardada há anos. As senhoras enterram os saltos na relva molhada enquanto comem croquetes e comentam o vestido da noiva e da mãe da noiva. Os senhores vão directamente ao bar, fazendo graçolas sobre o facto de ser aberto. Os noivos vão cumprimentando toda a gente, distribuindo beijos e ouvindo felicidades. Estão cheios de fome, os rojões já passaram três vezes mas, de cada vez que esticam um braço para lhes pegar, aí vem mais uma beijoca. Os convidados verificam onde vão ficar sentados e reclamam porque vão ter de aturar aquela tia maluca, todos se sentam e os noivos entram ao som de uma balada que, muitas vezes, nada tem de romântica. Palmas, palmas, palmas. Vem o bacalhau com broa, o cabrito assado, a sobremesa e o café. O bolo é partido ao som de outra música espectacular e de foguetes. Segue-se o baile. Apita o comboio, o pai da criança, o ritmo do amor, eu tenho dois amores. Por esta altura, já as senhoras calçaram os chinelos e os senhores estão com a gravata cor-de-rosa na cabeça. As crianças já se fartaram do palhaço que não tem graça nenhuma e estão a dormir nas cadeiras. A noiva está descalça, o cabelo em pantanas e o rímel borratado. O noivo canta karaoke com os amigos com uma valente bebedeira.
O mais caricato disto tudo? É que adoro ir a casamentos.    

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Vá lá, inspirem-se

Bolachas, a salvar casamentos desde Julho de 2012.

A falta de linguados

Estive a fazer uma reflexão profunda e cheguei à conclusão que o problema da maioria dos casamentos é a falta de linguados. Os primeiros meses de namoro são fartos nesse campo. Uma boca nova e uma língua por descobrir fazem os recém-apaixonados atracarem-se a toda a hora. Lava-se os dentes dez vezes por dia, masca-se chicletes, não se come cebola nem alho. Com o casamento e a partilha da casa, não faz qualquer sentido um cônjuge sair da sala para soltar gases, por exemplo. Ainda por cima, a Oprah diz que é normal soltar-se 16 por dia. Ora, num domingo, quando a maior parte dos casais está junto as 24 horas, seria muito difícil cada um arranjar uma desculpa 16 vezes para sair da beira do outro. No total, são 32 vezes, ora um, ora outro. Seria uma grande trabalheira. Posto isto, e perante este cenário tão glamouroso, os casais tendem, também, a desleixarem-se com os linguados. O amor da nossa vida está mesmo ali ao lado, sempre, e pensamos, amanhã vou dar-lhe um valente beijo naquela boca. Mas amanhã os filhos estão sempre ali e não vamos espetar a língua na boca do cônjuge à frente deles. Quando damos por ela passaram dois ou três meses e nada de linguados. Está mal. Na minha opinião está mal. Se querem conservar os vossos casamentos, já sabem, um linguado por dia nem sabe o bem que lhe fazia.

Com a Fortuna não Perde o Ser de Besta

Na carreira veloz, a deusa cega
Lança às vezes a mão a um feio mono
E o sobe, num instante, a um coche, a um trono,
Onde a Virtude com trabalho chega.


 










Porém se, louca, num jumento pega,
Por mais que o erga não lhe dá abono:
Bem se vê que foi sonho de seu sono,
Quando a vara ou bastão ela lhe entrega.













Pouco importa adornar asno casmurro
Com jaezes reais, mantas de festa,
Se a conhecer se dá no rouco zurro.

 
Quem, no berço, por vil se manifesta,
Quem nele baixo foi, quem nace burro,
Co'a Fortuna não perde o ser de besta.


 













Francisco Joaquim Bingre, in 'Sonetos'

 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Abraçar ou não abraçar, eis a questão

Como dizer isto? Adoro abraços. Detesto abraços. Não é bem um detestar, vá, é um desconforto físico grande, pronto. Em casa, sou a pessoa mais abraceira, e com isto acho que acabei de inventar uma palavra, mas com outras pessoas que não sejam o meu marido e a minha filha, o meu espaço não pode ser invadido até 50 centímetros. Tudo o que ultrapasse esse limite traduz-se em bochechas vermelhas e risos nervosos. Nem pais, nem sogros, nem amigos, colegas ou conhecidos. Ninguém me pode abraçar. Eu até posso gostar das pessoas, mas a minha dúvida é: onde é que se põe a cabeça durante um abraço? Ainda ontem uma amiga me abraçou. Ela é bastante mais alta que eu e lembrou-se de me dar um daqueles abraços de ladeiro, em que colocamos um braço por cima do ombro da pessoa abraçada e o outro na cabeça dessa dita pessoa. E eu fico ali, respira não respira, retribui não retribui. Rapidamente me tentei soltar, mas havia carinho naquele abraço - e todos sabemos que esses são os mais longos. No fundo, gosto da ideia de abraçar, é simpática e mais vale isso que uma pancada na cabeça, mas na realidade essa ideia parece-me muito melhor quando a penso e não quando ela é concretizada. Precisarei de terapia? 

Do ciclo da vida


As mangas têm que ser dobradas várias vezes e um cinto ajusta os vestidos à cintura da Inês. A sua mãe não gosta que remexam nas suas coisas e, muitas vezes, reprende a Inês por deixar tudo desarrumado, mas a menina com olhos de azeitona não resiste a fazer de conta com as roupas de mulher crescida. Todas as tardes de domingo, a Inês entra no quarto da mãe e abre os armários. Primeiro escolhe os sapatos, a sua peça de vestuário preferida, e depois o vestido. O próximo passo é pintar os lábios, os olhos e as unhas. A caixa de maquilhagem da mãe é um mundo de possibilidades, com todos os batons, lápis e vernizes. Em frente ao espelho, a Inês fala sozinha com amigos imaginários. Já foi professora, médica, cabeleireira, foi personagem em novelas e concorrente da Casa dos Segredos. A idade esta a avançar, mas a meninice continua intocável, pelo menos nas brincadeiras. Sonha em tornar-se uma mulher sem querer deixar de ser criança.
E a mãe enternece-se a pensar no ciclo da vida. Ainda ontem era ela a desarrumar as coisas da mãe e hoje ralha com a filha por deixar o quarto de pernas para o ar. É engraçada, a vida.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Ainda sem professor

Um mês volvido desde o início das aulas, a minha filha continua sem professor de Espanhol. Ora, sendo do conhecimento geral que há milhares de docentes no desemprego, nomeadamente desta disciplina, alguém me pode explicar porque esta situação continua a arrastar-se sem um fim no horizonte?

Nobel da Paz

Parabéns Angela!


Coisas que gosto e não gosto que vou dizer quando o Daniel Oliveira me entrevistar # 08

Gosto quando tenho força de vontade para sair da cama às 6h45 para ir à ginástica. Gosto de me surpreender, à medida que me arrasto até à casa-de-banho, onde a roupa já está cuidadosamente preparada, não vá trocar as cuecas pelas meias, com o pensamento mas eu levantei-me mesmo? Isto é mesmo a sério? Eu vou fazer ginástica a esta hora? Gosto quando acho que, às vezes, a nossa vida pode ser aquilo que queremos fazer dela.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Segunda-feira

Abro os olhos devagar, suspiro, vai começar tudo outra vez. O frio torna o desapego dos teus braços ainda mais doloroso. Resmungo até ao chuveiro, o andar pesado, as costas curvadas, o cabelo de leão. A água quente no rosto aquece-me o espírito e, lentamente, desperto para a vida. A voz da que é nossa irrompe pelo quarto, mãe, será que está frio, é melhor levar uma camisola, não te esqueças do meu saco do kung-fu, o meu teste de físico-química foi adiado, e eu resigno-me. Chegaste sacana, chegaste segunda-feira.   

I hate mondays


Entretanto já cá venho escrever alguma coisa maravilhosa, como sempre. Primeiro tenho que ir ali tomar o quinto café.

Até já.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

E agora algo realmente importante

Amor da minha vida

Sabes que quero sempre o melhor para ti e estou sempre a zelar pelos teus interesses. Depois de ver atentamente a novela Avenida Brasil acho, acho não, tenho a certeza, que não vale a pena perderes o teu tempo com este programa.


É coisa sem nível, amor, sem qualquer nível, digo-te.


O melhor é vermos a Sic Notícias, como fazíamos até aqui e não pensarmos mais nisto.



quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Solidariedade para Paulo Campos

Bolachudos deste país, vamos unir-nos para ajudar o deputado socialista Paulo Campos. O ex-secretário de Estado, depois de todo o trabalho em prol do desenvolvimento do país, está a passar por dificuldades e cabe-nos reconhecer o seu esforço solidariezando-nos com ele. Quem pretender ajudá-lo a comprar o último modelo da Porsche, uma mansão em Cascais, uma casa de férias no Algarve e um ipad para a empregada pode fazê-lo com donativos a partir de 3 mil euros, claro, só assim coisa pouca para começar.

Alguém?

Anyone?...

...

...

Não?...

Ok. 

Coisas que gosto e não gosto que vou dizer quando o Daniel Oliveira me entrevistar # 07

Não gosto quando reclamam comigo e têm razão. Prefiro quando estão a cometer uma injustiça e eu posso barafustar de volta. Quando a responsabilidade realmente é minha as minhas orelhas murcham, o sentimento de culpa invade-me e não me deixa adormecer em 0,7 segundos, como habitualmente acontece todas as noites.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Até amanhã

O dia está a acabar e o momento pelo qual anseio há tantas horas chegou finalmente. Deito o corpo cansado ao lado do teu e respiro fundo. Dou-te a mão, fecho os olhos e recebo a tua boca na minha. Olhos nos olhos, despedimo-nos, gosto de ti, até amanhã.

O mesmo local, papéis tão diferentes

Entro na escola que frequentámos, onde te vi pela primeira vez, e sorrio. Tento viajar no tempo, voltar aos onze anos, sentir aquelas emoções. Sorrio de novo. Que mania temos nós de achar que na infância é que era, tanta brincadeira, tantas bolachas sem consequências, tanto ranho mas tanta felicidade. Lá por isso nunca achei graça à Caderneta de Cromos. Não sou pessoa de passado, para o bem e para o mal. Não posso ser. Hoje é que é.
Mas ao entrar naquela escola, estranho. Hoje já não é a nossa escola. É a escola da nossa filha e eu entro como mãe, encarregada de educação, acreditas? Vou reclamar, barafustar, falar com a directora, porque não há professores ainda, que país é este, e então a segregação das crianças em turmas de filhos de pessoas conhecidas da terra e os outros, e a minha filha pertence aos outros. O tempo passou, os papéis mudaram. E vai ser a frase mais lamechas de todo este blog, mas hoje sou imensamente mais feliz do que há vinte anos atrás.

 

Pronto, desisto

Querida Cláudia

Agora sei, ser tu dá imenso trabalho. Barriga e braços como os teus não se alcançam da noite para o dia. E vamos ser sinceras, tu não comes bolachas, pois não? É que eu até aguento a sopa, a fruta, a alface e os iogurtes zero mas, tu entendes, a minha alcunha tem uma razão de ser e as bolachas são vitais para o funcionamento das minhas artérias. E as quatro horas no ginásio também não são nada fáceis, convenhamos. Eu ontem bem tentei Claudinha e hoje estou que não posso, que não posso, digo-te. Toda a gente me pergunta o que tenho, estou com ar abatido, se estou aleijada, o que aconteceu. E eu digo, estou a tentar ser igual à Claudinha. Mas pronto, depois de persistir nesta busca durante dois dias (dois dias, amiga, sem bolachas) e não ver quaisquer resultados, vou desistir. Tenho que me consciencializar que tu és produto do photoshop, mesmo quando apareces no ecrã, o que sei que não é possível mas não faz mal.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Claudinha Vieira, Claudinha Vieira

Claudinha, sabes que trabalho quase todos os dias para ficar como tu, mas tem sido uma missão difícil, para não dizer impossível. Por obséquio, diz-me lá o teu segredo e, por favor, diz-me que comes bolachas todos os dias.
Enquanto a perfeição não chega, vou sonhando com ela:

 

Coisas que gosto e não gosto que vou dizer quando o Daniel Oliveira me entrevistar # 06

Gosto quando a justiça não falha, muito embora ela tarde, por vezes. É sempre com um gostinho especial que vejo as pessoas que espalham maldade por aí provarem do seu próprio veneno.

Eu, se fosse o Passos, também pensava em ir estudar filosofia para Paris.

Botas Givenchy?


Inocência?

Porque é que os homens terminam relacionamentos longos sem dar explicações, dizendo apenas que algo não está bem e que precisam de tempo para eles, e as mulheres continuam a acreditar que não é por causa de outra mulher?

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Namorado novo

Ter colegas novos no escritório é como ter um novo namorado. Eu gosto de ter a TSF sintonizada durante todo o dia, praguejar enquanto ouço as notícias e, de vez em quando, chamar os políticos de filho desta e daquela. Os colegas antigos, casamento com mais de uma década, já se habituaram e respeitam esta minha vontade, como eu me habituei e respeito outras vontades deles. Pois que os colegas novos não gostam de ouvir a TSF e logo no primeiro dia perguntaram se ia ser aquilo o dia todo. Pois que vai, caros colegas, temos que estar informados, respondi eu. Mas os colegas não acreditaram e reviraram os olhos com ar entediado. Tudo bem, ok, estamos numa nova relação, mas a casa é minha. E se logo no primeiro dia este novo namorado faz exigências, não passando pela fase apaixonada em que ambos querem fazer as vontades ao outro, então estamos quilhados.   

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Coisas que gosto e não gosto que vou dizer quando o Daniel Oliveira me entrevistar # 05

Não gosto quando tornam as coisas fáceis, difíceis. As coisas simples, pintelhos, como dizia o outro, em dramas. Pessoas que, em princípio, nos deviam querer bem e a maior parte das vezes só nos fazem mal.  
Eu: Estou a ouvir-te mal. Parece que estás no fundo do poço.
Filha: Mas estou na sala, mãe.

Bruno, Eduardo, Óscar, Aldo, Rodrigo e Nilton



Meninos, tenho tido uma semana de merda. De cocó, vá, para não melindrar a minha filha quando ela ler este post. Por isso, quando soube que vocês vinham ao Porto comprei logo três bilhetes. Espero que estejam inspirados, que a malta está a precisar de rir.

Dia Mundial do Animal

Parabéns Vitó

Talvez...

Talvez um dia acorde e tenha um país para oferecer à minha filha. Talvez um dia tudo passe e ela possa continuar a crescer perto de mim, que as mães querem sempre os seus filhos junto de si e não emigrantes, mesmo que de sucesso. Talvez um dia. Hoje não.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Só há uma pessoa que me consegue irritar...

... quase tanto como o Pedro Passos Coelho. Alvim, não tens graça e só dizes asneiras, pá. Eu sei que tu até te esforças, mas não acertas uma, umazinha. E nem sou daquelas que lê, vê ou ouve o que diz não gostar só para dizer mal. É apenas quando sintonizo na Antena 3 por causa de alguma música que me agradou, canto, canto e quando chego ao destino desligo o carro, não me lembrando que quando o voltar a ligar são 19h30 e tu estás lá, estás lá e eu não me lembrei. E enquanto fecho o portão e ponho as mudanças e olho para a estrada, atrapalho-me e não consigo sintonizar outra rádio e tu dizes asneiras e asneiras.

A melhor profissão do mundo

Não, não é a mais antiga, estou a falar da melhor: professor de ginástica. O dia correu bem, óptimo. Há energia para dar e vender e não têm de pagar ginásios para se exercitarem. O dia correu mal, óptimo. Há que descarregar nos alunos. Pensar nos exercícios mais tortuosos para castigá-los e vingar a discussão que tiveram no trânsito, com a namorada, com o chefe. Eu adorava dar aulas. Ficar a ver os alunos a fazerem 50 flexões e gritar: são só mais oito pessoal.
Oito...
...
...
...
...
Sete...
...
...
...
...
Seis...

Coisas que gosto e não gosto que vou dizer quando o Daniel Oliveira me entrevistar # 04

Não gosto de colegas que passeiam pela sala, enquanto comem uma maça, fingindo que estão a descansar as pernas de estarem tanto tempo sentadas, quando na verdade estão a controlar o que os outros colegas estão a ver ou a fazer no computador.

O nosso estado de espírito

Eis-nos neste momento:


Bolachas antecipa tendência

Depois das fashionistas terem enlouquecido com estas camisolas:



O Barriga de Bolacha avança em primeira mão a próxima moda que a Zara irá copiar já na próxima temporada. Inspirada nos filmes Star Wars, esta tendência será eficaz para cobrir acne indesejado ou olheiras de ressaca. Com a aquisição deste outfit, poupará então na maquilhagem e também em chapéus e gorros.




Um dia que começa é como uma página em branco. Mesmo que conheçamos de cor o tema sobre o qual iremos escrever, as regras de pontuação e a ortografia, a forma como colocamos as ideias no papel, as palavras escolhidas, os verbos utilizados, farão toda a diferença. 
De manhã, a rotina é a mesma há anos. Banho, padaria, trabalho, tomar o pequeno-almoço no trabalho, café às 10h00, trabalho, telefonema para uma das minhas pessoas, mais trabalho, telefonema da minha outra pessoa, almoço, trabalho, ginástica, sopa, dormir. Esta rotina não me cansa, pois eu vivo-a intensamente todos os dias com positivismo e tento tornar prazeiroso cada momento.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

É cansaço, amor? Que sorrir sem vontade, falar sem ter nada para dizer e ouvir o que se não merece definha os músculos e maltrata a alma. Será desilusão? Que desdobramo-nos pela vida e a vida magoa sem piedade. Encosta a cabeça no meu peito e fecha os olhos, que desta vez sou eu a protectora e tu o protegido.

Da tristeza

Adormece. Tudo terá passado quando acordares. Eu fico aqui contigo, ficarei sempre. Eu afago a tua cabeça e o teu ego e mimo o teu corpo e o teu coração.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Do crescimento

A minha filha comprou a primeira peça de roupa numa loja que não tem kids ou 0-12 no nome. Agora, compramos nas mesmas lojas. Nem sei se ria, nem sei se chore.